Pedrinho, presidente do Vasco, deu coletiva ao lado de Marcelo Sant'Ana para falar sobre demissão de Rafael PaivaLeonardo Bessa / Agência O Dia
Pedrinho confirma Felipe como treinador interino do Vasco e nega escolha por amizade: 'Muito capacitado'
Ídolo cruz-maltino comandará a equipe nos três últimos jogos do Brasileirão
Rio - Menos de 24 horas após a acachapante derrota por 3 a 0 para o Corinthians, o presidente do Vasco, Pedrinho, concedeu uma entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira (25), em São Januário, ao lado do diretor executivo de futebol Marcelo Sant'Ana, para falar sobre os próximos passos do clube após a demissão do técnico Rafael Paiva. O mandatário confirmou que a equipe será comandada interinamente por Felipe "Maestro" nos três jogos que ainda restam na temporada, mas negou que a escolha tenha qualquer relação com a amizade entre os dois.
"Pensamos bem e vamos colocar o Felipe como treinador interino. Ele vai cumprir os três jogos restantes. Essa foi a melhor decisão por diversos aspectos. Felipe é um cara muito capacitado, tem todas as licenças da CBF, está no dia a dia do treinamento, conhece todos os atletas, características, personalidade... Para uma reta final seria um risco trazer um treinador novo, sendo que a gente precisa de representatividade para alcançar nossos objetivos", declarou Pedrinho.
"O Felipe é meu amigo, é muito além, é um irmão, mas eu jamais colocaria qualquer pessoa que não fosse capacitada para essa área. Tem a segurança, porque é alguém de confiança e capacitado. Para ficar claro, Felipe é o treinador interino para esses três jogos até o término do campeonato. Paralelo a isso, juntamente com o Felipe, vamos atrás de um treinador que caiba no nosso orçamento. E que a gente consiga ter um ano positivo", completou.
De acordo com Pedrinho, o Vasco já mapeia o mercado em busca de um treinador para o ano que vem. A ideia é que Felipe siga perto do trabalho diário com os jogadores em 2025, mas não como técnico. Ainda será debatido se ele assumirá um lugar na próxima comissão técnica ou comandará um dos times da base.
O presidente vascaíno também falou sobre a decisão de interromper o trabalho de Rafael Paiva, demitido no último domingo (24) após o Cruz-Maltino completar quatro derrotas seguidas no Brasileirão.
"Paiva entrou num momento delicado, com a demissão do Álvaro Pacheco, e deu uma resposta muito positiva e tranquilidade para a gente mantê-lo no cargo. Diversos outros pontos foram acontecendo, o Paiva e sua comissão obviamente têm elogios e críticas à minha gestão, como tenho muitos elogios e algumas críticas ao Paiva. Isso tudo é interno. Agradeço demais por esse momento que ele viveu com a gente. Nessa subida para o profissional, ele trouxe seu auxiliar Xandão e logo depois o Damian. A gente abriu mão de um auxiliar da casa, e o Ramon do sub-17 subiu para o sub-20. Com a demissão do Paiva, pensando com calma e cautela, seria muita pressão para o Ramon Lima", afirmou.
Rafael Paiva encerrou a passagem com 47,3% de aproveitamento. Ao todo, foram 12 vitórias, oito empates e 11 derrotas em 31 jogos. O treinador praticamente ajudou a livrar o risco de rebaixamento e colocou o Vasco em condição de voltar a disputar uma competição continental na próxima temporada, além de levar o time à semifinal da Copa do Brasil.
Após sofrer a quarta derrota consecutiva, o Vasco caiu para o 11º lugar no Brasileirão, com 41 pontos. O Cruz-Maltino volta a campo no próximo sábado (30), às 21h30 (de Brasília), contra o Atlético-GO, em São Januário, pela 36ª rodada do campeonato.
Marcelo Sant'Anna: "A janela do meio do ano foi uma de correção no Vasco. Desde o meu anúncio até o fechamento, tivemos a decisão de efetivar o Paiva como treinador. Ficamos na dívida, sim, de contratar um zagueiro, que buscamos. Mas dentro da realidade financeira do Vasco, os nomes colocados não cabiam. Tomamos as decisões com base naquele contexto. Infelizmente, há o dinamismo do futebol. Com a janela fechada, tivemos a cirurgia do Adson. Logo na sequência da janela, ele opera, mas estávamos na expectativa de trazer o Maxime já pensando nessa reposição. A perda do David foi com três ou quatro jogos (após o fim da janela), o que prejudicou o andamento do Vasco. Vamos abordar de maneira mais detalhada a capacidade de investimento dentro da janela de transferência, mas muitas vezes você não faz necessariamente os movimentos que deseja, porque você tem que respeitar os contratos que são estabelecidos"
Pedrinho: "Eu assumo um compromisso que não foi feito por mim. Por isso falo que às vezes tenho que voltar, porque as pessoas não entenderam e muitas vezes gostam de ouvir algumas mentiras, que se sentem mais confortáveis. Dando um exemplo: o Paulinho é um grande jogador, foi uma ótima contratação, tá voltando e acho que vai nos ajudar demais. Temos que pagar 650 mil dólares de transferência pra não sofrermos o transfer ban. Uma das parcelas. O Paulinho não vale a pena? Muito, mas o Vasco tinha condição de contratá-lo? Não. Se eu não tenho condição de pagar um jogador desse nível, eu não posso trazer. O Coutinho tava na conta de uma dobra de sócio-torcedor, eu não gasto um real com ele. Se eu tivesse que desembolsar o salário dele, não teria condições pra isso."
Pedrinho: "Tenho aprendido muito. Na televisão, fui um dos caras que modifiquei muitos pensamentos de comentários. Sempre preguei sobre permanência de treinador, tempo de trabalho, encontrar o perfil ideal e, no dia a dia, tenho visto que as coisas são diferentes. Continuo com as mesmas convicções, mas muitos vezes não vou conseguir aplicá-las. Dentro desses meus comentários eu sempre falava que o sistema faz com o que o gestor tome decisões que não queira. A decisão do Paiva não foi por pressão, mas por convicção minha."
Pedrinho: "É evidente que muitos treinadores surgem, muitos nomes. São nomes que estão livres, outros que estão trabalhando. Alguns começamos a estudar ontem, outros não fazem parte do nosso planejamento. Agora é um desgaste, porque temos que encaixar o que pensamos de futebol e o que cabe dentro do orçamento. Difícil encontrar dentro do que penso de futebol, o que a gente tem no mercado e o que cabe dentro do orçamento. Não sei se vou encontrar o treinador que jogue do jeito que eu imagino que o Vasco mereça jogar e que caiba dentro do orçamento. A gente tem alguns perfis e torce para que tudo encaixe e seja o mais próximo do que a gente pensa."
Marcelo Sant'Ana: "Já temos afunilado os perfis desde a saída do Paiva. Eu dizer exatamente o perfil é algo que, para o Vasco, não é vantagem nesse momento. Se eu começo a dizer, por exemplo, que o Vasco quer um técnico jovem que sai de trás com um jogo mais apoiado e na parte ofensiva sempre quer o perde-pressiona... Eu já estou dizendo para o mercado que todo técnico que eu buscar nesse perfil pode me cobrar mais caro. Vamos ter uma responsabilidade com esse perfil. O torcedor conhece o histórico do Vasco, e vamos buscar uma afinidade com esse DNA."
Marcelo Sant'Ana: "Com a chegada do presidente, recuperamos a credibilidade. Todas as transferências que estamos fazendo o Vasco está pagando. Nesse fim de ano vou chamar mais quatro jogadores para honrar esse débito. Segundo ponto: mudança do perfil do atleta que a gente vai buscar. Quando cheguei o Vasco tinha um olhar voltado para jogadores do futebol internacional, tanto que o Vasco tem nove estrangeiros no elenco. Isso não significa que não vamos contratar mais jogadores estrangeiros, não temos problemas com isso, mas temos que trazer jogadores que gerem retorno imediato ou que sejam economicamente mais interessantes, se não é melhor a gente investir em jogadores dentro do mercado brasileiro, porque é mais fácil negociar com os clubes, convencer os jogadores, usar a própria base."
Pedrinho: "Meu compromisso é honrar com aquilo que eu me comprometo. Paralelo a isso é pagar as dívidas, vou fazer de tudo para pagar as dívidas, se isso não acontecer não adianta. Quando a gente faz esse movimento de credibilidade para negociar e pagar, isso também dá tranquilidade para os empresários entenderem que estamos aqui para honrar os compromissos. Como vou trazer um jogador de um empresário que está com 500 dívidas aqui? Ele vai dificultar por tudo que foi criado anteriormente. A gente reorganizando começa a ter credibilidade no mercado. Falei para o grupo financeiro e fiz questão de não adiantar nenhuma receita de 2025, e a gente vai terminar o ano em dia."
Pedrinho: "A função do Felipe, quando usamos o termo diretor, dá uma sensação mais executiva. Mas ela tem um complemento: é diretor técnico. Felipe é formado na questão técnica. Dentro do cenário do CT, ele tem um diálogo com os atletas, uma relação com o treinador e uma elaboração da formação do elenco junto com o Marcelo (Sant’Anna), muito mais na direção técnica. Identificam-se os setores necessários, o Felipe entra com uma avaliação técnica junto com a equipe de scout. O Marcelo também dá opinião técnica, mas quando a avaliação entra para termos de transação, o Felipe sai de cena e o Marcelo assume toda a burocracia. Obviamente, dentro do orçamento, até subir pro (Carlos) Amodeo, que é o nosso CEO."
Marcelo Sant'Ana: "A minha função é toda a parte chata que o torcedor às vezes não gosta de falar. Por exemplo, elaboração de plano de cargos e salários, desde a pessoa de cargo mais simples da base até os mais altos, em termos de hierarquia, que são os atletas e o técnico do futebol profissional. Toda a parte de logística que envolve o dia a dia do Vasco, compra de equipamentos, movimentação interna de pessoal, viagens. Temos um projeto de melhorar a integração entre futebol profissional e base, não só na parte técnica mas na parte física, equipamentos que são utilizados. Fica sob o meu guarda-chuva."
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