Culicoides paraensis (menor na foto); Culex quinquefasciatus (maior na foto)Foto: Bruna Lais Sena do Nascimento - Laboratório de Entomologia Médica/SEARB/IEC
O que se sabe sobre a febre do oropouche?
Mais de sete mil casos da doença foram contabilizados em 2024 em várias partes do país; em Guapimirim há pelo menos sete relatos
Guapimirim – Ao menos 7.236 casos de febre do oropouche foram confirmados em 20 unidades da federação em 2024. Os sintomas são parecidos com os de dengue, chikungunya e zika. Afinal, o que se sabe sobre a doença?
A febre do oropouche é causada pelo vírus Oropouche (‘orthobunyavirus oropoucheense’), transmitido pelo mosquito ‘Culicoides paraenses’, popularmente conhecido como marium ou mosquito-pólvora, comumente encontrado em áreas silvestres. Outro transmissor é o pernilongo culex (‘Culex quinquefasciatus’), que habita ambientes urbanos.
“O quadro clínico agudo pode evoluir com febre de início súbito, dor de cabeça, dor muscular e dor articular. Outros sintomas, como tontura, dor atrás do olhos, calafrios, fotofobia, náuseas e vômitos também são relatados”, explicou o Ministério da Saúde.
A transmissão pode ser horizontal – nesse contexto por uma picada de inseto – ou vertical, ou seja, de mãe para a filho durante a gestação, se ela estiver infectada.
Na última quinta-feira (25), o Ministério da Saúde confirmou que duas mulheres morreram de febre do oropouche, na Bahia. Ambas tinham menos de 30 anos, não tinham comorbidades nem estavam grávidas. O primeiro falecimento ocorreu em 27 de março deste ano em Valença, enquanto que o segundo, em 10 de maio, em Camamu. São os primeiros óbitos registrados em todo o mundo na literatura científica em decorrência da enfermidade.
Até o último dia 25 de julho, a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia tinha diagnosticado 835 casos da enfermidade em 59 municípios baianos. Ilhéus, por exemplo, tem mais de 100 registros, enquanto que Guandu, mais de 80.
No estado do Rio de Janeiro, por exemplo, há 63 casos confirmados, segundo a Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro. Desse quantitativo, 21 estão em Piraí, no Sul Fluminense. Outros sete estão em Guapimirim, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
O primeiro registro de febre do oropouche no estado foi divulgado em fevereiro passado. O paciente seria um morador do bairro Humaitá, na Zona Sul do Rio, que tinha viajado anteriormente para o Amazonas.
A maioria dos registros da doença está localizada nos estados do Amazonas e de Rondônia, ambos na Região Norte do país.
O ministério também investiga um possível óbito por febre do oropouche em Santa Catarina e se quatro casos de interrupção de gravidez e dois de microcefalia estariam ou não relacionados à doença, segundo a Agência Brasil.
O vírus foi isolado pela primeira vez em território brasileiro em 1960, a partir amostra de sangue de uma bicho-preguiça, durante a construção da rodovia Belém-Brasília. Também já foram relatados surtos da doença em países como Argentina, Bolívia, Equador, Panamá, Peru e Venezuela.
Não existe tratamento específico para a referida enfermidade, apenas paliativos para aliviar os sintomas. Em caso de suspeita e/ou de sintomas similares, é necessário procurar atendimento médico, até mesmo para que os órgãos de vigilância sanitária consigam rastrear a doença.
Portanto, é fundamental a adoção de certos cuidados, tais como: uso de repelentes contra insetos, uso de roupas que cubram a maior parte do corpo, evitar locais com muitos mosquitos e mariuns, além de manter a casa limpa, o que inclui limpeza de terrenos e de locais de criação de animais, como também a remoção de folhas e frutos que caem no solo.
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