Kely Viana, filha de um dos maiores compositores de Itaguaí, apresenta estandarte inspirado na Dona Moçota, da Artista Plástica Raquel de Lima.Foto: Rafa Chlum
“Depois da Sapucaí, o melhor carnaval é em Itaguaí!”, frase emblemática de Amarílio Viana, um dos maiores compositores de Itaguaí, pai da Kely Viana, uma das entrevistadas. O documentário permite que o espectador vivencie sobre um prisma de amor, resgate, respeito e reverência, a história do carnaval da cidade, através de uma grande personagem: Dona Moçota, mulher negra, periférica, percursora do movimento de samba dos carnavais de rua na década de 50, parte da história nunca contada de Itaguaí. A história onde mostra que Dona Moçota é Itaguaí.
Mariana Castro é a idealizadora do projeto, psicóloga, psicanalista, produtora e artista popular. O projeto para Mariana é uma forma de desenvolver o estudo, e a prática na saúde mental, apresentando a arte e a cultura como impulsionadores sociais.
- O meu sentimento é de satisfação, em conseguir reunir tantas potências e dar visibilidade em uma parte valiosa de nossa história. Atuar nas ruas com estes elementos, percebendo pessoas emocionadas, com brilho nos olhos, contando que viveu nesta época e pode agora continuar. Isso é afirmar que podemos, sim, seguir exaltando nossos sambas, contagiando com a alegria mesmo diante dos desafios. Promover a vitalidade é o que nos faz continuar fazendo nossos cortejos e nossa arte-, explica Mariana Castro.
As vozes do documentário ‘Samba da Comunidade- Bicentenário da Independência” são das mulheres de Itaguaí que trazem em sua ancestralidade o carnaval. O espectador poderá assistir o lúdico, o carnavalesco e a força da cultura afro-brasileira na construção de nossas bases. Hacorda traz de forma reverente os atravessamentos sociais acerca da Independência, um trabalho de muita pesquisa e estudo da cientista social, Pamela Santos.
A pesquisa do grupo reverberou na cidade e acendeu a chama que estava apagada. O Subsecretário de Cultura Willian Cezar parabeniza o trabalho.
- São dois anos de gestão que venho aprendendo, conhecendo e vivendo a cultura de Itaguaí. Ver um documentário idealizado e produzido por um coletivo feminino de Itaguaí, que conta a história da cidade, é incrível. Fico honrado em ser espectador desse momento. Itaguaí é e tem samba e muito samba. Ver a força de nossa cidade através de tantos olhares é indescritível, ainda mais se tratando da história da maior personagem do carnaval e da periferia de Itaguaí, Dona Moçota-, parabeniza o Subsecretário, Willian Cezar.
Como Surgiu o projeto
O movimento em resgatar a História dos carnavais veio da Mariana de Castro, na exposição “O Rio do Samba, resistência e reinvenção”.
- Eles apresentaram um mapa da história do samba e não tinha nada da história de Itaguaí e ai fui questionar isso, por que não haver? Afinal, eu vivi isso, os carnavais, as histórias. O curador Marcelo Campos, falou que não estava chegando lá, e se há história, nós precisamos dar visibilidade ao material. Ali, na provocação dele começa essa minha trajetória em querer trabalhar nesse resgate-, explica Mariana.
O movimento Samba da Comunidade inova com um coletivo que a grande maioria é feminina, e traz como objetivo os valores e a história de Itaguaí. Uma das pessoas-chave para o documentário, foi Pamela Santos, mestranda em Ciências Sociais, trabalha com estudos sobre cultura e periferia. Assumiu no ano de 2022 o roteiro e a pesquisa do projeto, com o intuito de acompanhar o olhar das mulheres no carnaval Itaguaiense. Mas principalmente ouvir sobre outros caminhos que a história de Itaguaí poderia apresentar a partir deste novo olhar.
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