Projeto UÇÁ retira toneladas de lixo de manguezais da Baía de GuanabaraRodrigo Campanário/Divulgação
A Operação foi realizada na Área de Proteção Ambiental de Guapi-Mirim e envolveu 30 catadores e pescadores, associados à Associação de Pescadores de Itambi (Acapesca). Os resíduos foram coletados em uma área de aproximadamente 12 hectares.
Uma das participantes da ação foi a pescadora Rita Duarte, de 67 anos. Ela foi uma das 14 mulheres que se juntaram à força-tarefa. Filha e neta de pescadores, sempre foi apaixonada pela pesca, e acompanhava o marido pescador no tempo livre de trabalho dela. Foi só em 2020, após se aposentar de seu ofício em uma escola, que começou a trabalhar definitivamente na pesca. Agora também luta, com o companheiro e a filha, por rios e manguezais mais limpos, participando pela terceira vez da Operação LimpaOca.
“Após participar da Operação, não conseguimos mais ver lixo, que logo queremos catar”, brinca Dona Rita. “A forma como somos tratados durante as atividades, com cuidado e segurança, e toda a dedicação da equipe me encantaram e me motivaram a participar”, conta ela.
Ao incentivar a participação de mulheres na Operação LimpaOca, pela qual podem contribuir com o meio ambiente e melhoria de seu espaço de trabalho, além de obterem renda extra, o Projeto UÇÁ, atende ao ‘Objetivo 5 - igualdade de gênero: Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas’, da agenda da ONU para o Desenvolvimento Sustentável (ODS).
“Essa é a primeira vez em toda a história da LimpaOca que temos uma quantidade tão expressiva de mulheres. Esse número dobrou em comparação a edições anteriores e tivemos quase metade do nosso corpo de trabalho feminino. A gente percebe que elas vão à luta, mostram que não são frágeis como muitos pensam: pegam peso, entram em lugares difíceis, atravessam a lama, enfrentam os maruins...”, destaca a coordenadora-geral do Projeto UÇÁ, Janaina Oliveira.
Os profissionais engajados na atividade receberam uma bolsa-auxílio mensal, por três meses, para coletar os resíduos durante duas manhãs semanais.
Além da renda, outra vantagem para esses trabalhadores, de acordo com o presidente da ONG Guardiões do Mar, Pedro Belga, é que agora, após o período de defeso, eles poderão voltar a trabalhar com mais segurança nos manguezais, devido à retirada de materiais como ferro, seringas, vidros e diversos objetos cortantes, que podem ocasionar graves acidentes.
"A retirada dos resíduos aumenta ainda o espaço livre para que mudas de mangue se estabeleçam e não tenham que competir por espaço com os resíduos sólidos, proporcionando o crescimento de novas árvores, cujas folhas são o principal alimento do caranguejo-uçá, que, por sua vez, terá espaço para a construção de suas tocas“, explica Janaina Oliveira.
Quantidade de plástico e isopor impressiona
O plástico continua liderando a lista de resíduos mais encontrados durante a Operação LimpaOca. Entre os materiais coletados mais pesados, por exemplo, os itens plásticos são os primeiros. Outro dado que impressionou os especialistas do Projeto foi a quantidade de isopor, que apesar de leve, ocupou o 5º lugar no ranking dos resíduos com mais peso.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.