A enchente arrastou diversos automóveis que estavam pelo caminhoAFP

Alemanha e Bélgica começaram neste sábado,17, a gigantesca tarefa de limpeza e reconstrução das áreas devastadas por temporais nos últimos dias, que causaram pelo menos 170 mortes na Europa e um prejuízo de milhões de dólares, enquanto os serviços de resgate tentam encontrar o paradeiro de dezenas de desaparecidos.

O número de vítimas continua a aumentar conforme as equipes de resgate entram nas áreas mais devastadas e encontram os corpos de pessoas presas em destroços deixados pelas intempéries, que também causaram danos materiais em Luxemburgo, Holanda e Suíça.
De acordo com o último balanço deste sábado, as mortes foram de 170, 27 na Bélgica e 143 na Alemanha, que também registra centenas de feridos, concentrados principalmente nos estados ocidentais da Renânia-Palatinado e Renânia do Norte-Vestfália.

Aos poucos, os moradores que tiveram que sair, quase fugindo, de suas casas ameaçadas pela água estão voltando. Muitos encontram um cenário desolador: paredes arrancadas pela força da corrente, árvores que caíram, veículos arrastados, estradas e pontes afundadas ou corte de energia.

"Há 48 horas vivemos um pesadelo. Damos voltas e voltas e não podemos fazer nada", disse Cornelia Schlösser à AFP, observando o péssimo estado da padaria da família na cidade de Schuld, afetada pelas enchentes.
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“Em questão de minutos, uma onda entrou na casa”, acrescenta.

A chanceler Angela Merkel viajará pela região no domingo, com destino à cidade de Schuld, na Renânia-Palatinado, qualificada de "mártir" após ter sido quase totalmente devastada.

"O destino deles rasga nossos corações", disse o presidente alemão Frank-Walter Steinmeier sobre as vítimas neste sábado, durante uma visita a Erftstadt, uma cidade perto de Colônia, destruída por um deslizamento de terra.

Durante esse discurso, uma polêmica se formou em torno de Armin Laschet, líder do partido conservador CDU de Merkel e candidato a sucedê-la nas eleições de setembro, que foi visto rindo durante uma visita às vítimas.
Diante da indignação, Laschet, também presidente do estado da Renânia do Norte-Vestfália, se desculpou por seu comportamento "inapropriado".

- Buscas por desaparecidos -
Nessas regiões do oeste da Alemanha, por onde corre o Reno, as enchentes se deveram principalmente aos pequenos rios, que saíram de seu canal devido às fortes chuvas e invadiram áreas habitadas, construídas em áreas inadequadas.

É necessário drenar a água, avaliar os edifícios danificados, alguns dos quais terão de ser demolidos, restaurar a eletricidade, gás e telefone, além de abrigar quem perdeu tudo.
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Danos nas redes de comunicação, que tornam muitas pessoas inacessíveis, também complicam a tarefa de estabelecer um balanço confiável de pessoas desaparecidas.

"Esperamos encontrar mais vítimas", disse Carolin Weitzl, prefeita de Erfstadt, perto de Colônia, onde um deslizamento de terra destruiu várias casas.

O governador do estado da Renânia do Norte-Vestfália, Armin Laschet, garantiu que a catástrofe tem "uma magnitude histórica".

É uma consequência "sem dúvida" das alterações climáticas, afirmou Mark Rutte, primeiro-ministro da Holanda, também afetado pelas chuvas mas sem vítimas mortais.
A tempestade deve diminuir neste final de semana nas regiões mais afetadas da Alemanha e também na Bélgica.

Neste país, também há cerca de 27 desaparecidos, segundo um balanço ainda provisório, disse o primeiro-ministro Alexander de Croo, que decretou um dia de luto nacional na terça-feira.

Em Angleur, ao sul de Liège, moradores puxavam a mobília encharcada das calçadas e retiravam a água ainda acumulada dentro das casas. Duas pessoas morreram nesta cidade às margens do rio Ourthe.