Argentina reclamou com a Rússia pelos atrasos na entrega da segunda dose da vacina Sputnik VAFP / Olga MALTSEVA

Buenos Aires - A Argentina reclamou com a Rússia pelos atrasos na entrega da segunda dose da vacina Sputnik V contra a covid-19, em uma carta na qual ameaça romper o contrato - confirmou a assessora presidencial Cecilia Nicolini, nesta quinta-feira, 22.
A carta, dirigida ao Fundo Russo de Investimento em 7 de julho, foi revelada nesta quinta pelo jornal La Nación e confirmada depois por Nicolini em declarações à imprensa.
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"Precisamos urgentemente do 2º componente. A essa altura, todo contrato está em risco de ser publicamente cancelado", diz a carta.
O esquema da vacina Sputnik V, do laboratório Gamaleya, compreende duas doses que são diferentes e não intercambiáveis, ao contrário da maior parte dos outros imunizantes contra a covid-19.
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"Nós entendemos a escassez e as dificuldades de produção de alguns meses atrás", continua a carta. "Mas agora, sete meses depois, ainda estamos muito atrás, enquanto começamos a receber doses de outros fornecedores regularmente, com cronogramas que são cumpridos".
A Argentina fechou um acordo com a Rússia de cerca de 30 milhões de doses da Sputnik V, das quais recebeu 11,86 milhões, segundo a funcionária, que viajou junto com a ministra da Saúde, Carla Vizzotti, várias vezes à Rússia para a supervisão do contrato.
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Até agora, chegaram 9,37 milhões da primeira dose, mas apenas 2,49 milhões do componente da segunda dose da Sputnik V.
"Diante de uma situação mundial como a que estamos vivendo e de uma dificuldade na produção, é muito comum esse tipo de situação e de pressão. Se nós não fizermos, os outros fazem", declarou a ministra Vizzotti à rádio El Destape nesta quinta-feira.
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Nas últimas semanas, o governo acelerou a campanha de vacinação para completar os esquemas de duas doses, devido ao receio de consequências da cepa Delta da covid-19. Ainda não foi registrada a circulação comunitária desta variante no país.
No início da campanha de vacinação, a Argentina priorizou a imunização da maior quantidade possível de pessoas com a primeira dose e decidiu aplicar as segundas doses em um prazo de três meses. Este esquema é semelhante ao aplicado pelo Reino Unido.
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No entanto, pessoas que receberam a Sputnik V ainda aguardam a segunda dose depois de mais de três meses.
A Argentina foi o primeiro país da região a aprovar e aplicar a Sputnik V em dezembro de 2020. Além disso, recentemente, fez um acordo para fracionar e embalar essa vacina em um laboratório particular argentino.
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Em torno de 17,07 milhões de pessoas receberam uma primeira dose das diferentes vacinas (o país também aplica os fármacos da AstraZeneca e da Sinopharm), e 5,79 milhões, as duas injeções, de uma população de 45 milhões.
A Argentina acumula quase 103.000 mortes pelo vírus e 4,79 milhões de casos.