Candidaturas ao patrimônio mundial começam a ser avaliadas pela Unesco Agência Brasil
A 44ª sessão do Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco será realizada na cidade de Fuzhou, na China, após o intervalo de um ano. A reunião será presidida pelo vice-ministro da Educação da China e diretor da Comissão Nacional da China para a Unesco, Tian Xuejun.
O comitê analisará as indicações da lista da Unesco, começando pelas candidaturas que não puderam ser avaliadas no ano passado, devido à pandemia de covid-19. O sítio brasileiro é um desses casos. Ele está na lista ao lado do Observatório Solar de Chankillo e centro cerimonial, no Peru; da Capela Scrovegni de Giotto e os ciclos de afrescos de Pádua do século 14, da Itália; dos Monumentos de Pedra de Cervos e Locais Relacionados, o Coração da Cultura da Idade do Bronze, da Mongólia, entre outros locais culturais.
A decisão sobre o Sítio Burle Max é aguardada para segunda-feira (26). De acordo com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que passou a gerir o sítio a partir de 1994, após a morte de Burle Max, a chancela pode garantir ao Brasil o 23º bem na lista de patrimônios mundiais da Unesco. O local sintetiza a obra do paisagista, como um laboratório de experimentações botânicas e paisagísticas.
O 22º bem nacional chancelado como patrimônio mundial misto de cultura e biodiversidade é o conjunto das localidades de Paraty e Ilha Grande, na Costa Verde fluminense.
Compromisso
O instituto atua desde 1985 na preservação do sítio, quando a propriedade foi doada ao Iphan pelo próprio paisagista. O órgão assumiu a gestão após a morte do paisagista. “Trata-se de uma unidade especial com a missão de preservar, para as futuras gerações, um espaço de aprendizado e de fomento ao conhecimento sobre natureza, paisagismo, arte e botânica", disse a presidente do Iphan.
Sítio
O sítio tem área de 407 mil metros quadrados e abriga uma coleção com cerca de 3,5 mil espécies de plantas tropicais e subtropicais. “Estamos trabalhando em um inventário referenciado dessa coleção. É um trabalho longo”, disse à Agência Brasil a diretora do SRBM, Claudia Storino.
Jardins, viveiros de plantas, sete edificações e seis lagos integram o espaço, que oferece ao público também um acervo museológico de mais de 3 mil itens, com coleções de arte cusquenha, pré-colombiana, sacra e popular brasileira, além da coleção de obras do próprio paisagista e artista, que já estão catalogadas e informatizadas em sistema online.
Burle Marx
Burle Marx introduziu o paisagismo modernista no Brasil e foi um dos primeiros paisagistas a utilizar plantas nativas brasileiras em seus projetos. Foi também um dos pioneiros ambientalistas a reivindicar a conservação das florestas tropicais no Brasil, tendo organizado muitas expedições e excursões pelos biomas nacionais, onde descobriu mais de 30 novas espécies de plantas que levam seu nome.
O primeiro projeto de jardim público idealizado por Burle Marx foi a Praça de Casa Forte, no Recife, em 1934. Em 1961, projetou também o paisagismo para o Eixo Monumental de Brasília e, em 1968, projetou o paisagismo da Embaixada do Brasil em Washington, Estados Unidos.
Conhecido internacionalmente como um dos mais importantes paisagistas do século 20, Roberto Burle Marx viveu no Sítio entre 1973 e 1994. Reuniu plantas de diversas partes do mundo na propriedade, algumas, inclusive, em risco de extinção.
A diretora do Sítio Roberto Burle Marx, Claudia Storino, está muito confiante em que o local passará a ser patrimônio mundial da Unesco. “O Sítio merece muito. Estamos muito confiantes também que há de sair tudo bem, como esperado”.
Visitação
As visitas foram reabertas em janeiro deste ano, mas com quantidade controlada de pessoas, de modo a garantir a segurança de todos (equipe do SRBM e visitantes). Devido à pandemia, as visitas estão acontecendo em pequenos grupos. São obrigatórios o uso de máscaras, higienização das mãos, álcool em gel e distanciamento.
O endereço é Estrada Roberto Burle Marx, número 2019. Maiores informações podem ser obtidas pelo telefone (21) 24101412. A diretora do SRBM acredita que a visitação vai ser ampliada em função da candidatura na lista da Unesco. “Acreditamos que vai dar certo”. Completou que a partir da chancela, “o Sítio ganha um fôlego ainda maior”.
Patrimônio
No Brasil também são considerados patrimônios mundiais naturais o Complexo de Áreas Protegidas do Pantanal (MT/MS), o Complexo de Conservação da Amazônia Central (AM), a Costa do Descobrimento - Reservas da Mata Atlântica (BA/ES), Ilhas Atlânticas - Fernando de Noronha e Atol das Rocas (PE/RN), Parque Nacional do Iguaçu (PR), Reservas da Mata Atlântica (PR/SP), Reservas do Cerrado e Parques Nacionais da Chapada dos Veadeiros e das Emas (GO).
Como patrimônio misto, o Brasil tem somente um bem reconhecido, que é a cidade histórica de Paraty e a Ilha Grande.
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