Pedro Castillo, presidente do PeruAFP

O professor rural de esquerda Pedro Castillo assume nesta quarta-feira (28) a Presidência do Peru com a missão de enfrentar a pandemia, reativar a economia e acabar com as convulsões políticas que marcaram o último mandato.
Três dias de cerimônias estão programados para a posse do novo presidente, que receberá a faixa bicolor no dia em que o Peru comemora o bicentenário da independência.
Publicidade
A nova chefe do Congresso, a opositora María del Carmen Alva, tomará o juramento do novo presidente em uma cerimônia que deve começar ao meio-dia (14h00 de Brasília).
Muitas ruas do centro de Lima foram cercadas pela polícia, que mobilizou 10.000 agentes em toda a capital.
Publicidade
Vestido com um terno andino preto bordado e seu clássico chapéu Cajamarca branco de cano alto, Castillo chegou pouco antes das 9h (11h00 de Brasília) ao Palácio Torre Tagle, sede da Chancelaria.
De acordo com o protocolo, lá deverá aguardar uma delegação parlamentar que o levará ao Congresso, um percurso de quatro quarteirões que pode ser feito a pé ou de carro.
Publicidade
Depois de tomar posse, Castillo fará um discurso no qual deverá detalhar suas prioridades e tentar aliviar as preocupações do setor privado e de boa parte dos peruanos que temem uma virada acentuada para o socialismo após três décadas de políticas liberais.
"Castillo tem que dar sinais da gestão da economia" e esclarecer "com quem vai selar alianças para [formar] o gabinete e o Parlamento", comentou à AFP a cientista política Jessica Smith.
Publicidade
O novo presidente tem procurado dissipar os temores, descartando a cópia de "modelos" estrangeiros e negando que seja "chavista", e seu principal assessor econômico, Pedro Francke, disse à AFP que o programa "nada tem a ver com a proposta da Venezuela".
No entanto, "o governo bolivariano da Venezuela foi formalmente convidado para a posse do presidente Castillo", disse à AFP uma fonte do Peru Livre, o novo partido governante que se define como marxista-leninista.
Publicidade
Isso indica uma mudança em sua política externa, já que o Peru reconheceu em 2019 o opositor Juan Guaidó como legítimo governante venezuelano, como 60 outros países.
Castillo recebeu na segunda-feira um telefonema do chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, que, além de parabenizá-lo, disse que Washington espera dele "um papel construtivo" em relação à Venezuela, Cuba e Nicarágua.
Publicidade
A posse será assistida pelo rei da Espanha, Felipe VI, cinco presidentes (Argentina, Bolívia, Colômbia, Chile e Equador) e dois vice-presidentes (Brasil e Uruguai), bem como um enviado do presidente americano Joe Biden, o secretário de Educação Miguel Cardona.
Castillo foi proclamado presidente eleito há oito dias pelo júri eleitoral, que levou um mês e meio para analisar as contestações e recursos antes de declará-lo o vencedor da votação de 6 de junho contra a candidata de direita Keiko Fujimori.
Publicidade
O novo presidente, de 51 anos, que costuma usar o chapéu branco típico dos camponeses de sua terra natal, Cajamarca (norte), é católico e contrário ao aborto e às uniões entre pessoas do mesmo sexo.
Castillo, que deve anunciar os nomes de seu chefe de gabinete e ministros-chave a qualquer momento, terá a centro-direita María del Carmen Alva como líder do Congresso peruano.
Publicidade
Dez partidos estão presentes no fragmentado Congresso de 130 membros. As maiores bancadas são do Peru Libre, partido de Castillo, com 37 cadeiras, e da Força Popular de Fujimori, com 24. Ação Popular, partido de Alva, tem 16.
Castillo viajará para a cidade andina de Ayacucho na quinta-feira para uma inauguração simbólica no Pampa de la Quinua, cenário da Batalha de Ayacucho em 9 de dezembro de 1824, que selou a independência do Peru e do resto da América espanhola. Na sexta-feira, ele comandará um Desfile Militar em Lima.
Publicidade
O presidente interino Francisco Sagasti, que recebeu Castillo no Palácio do Governo na última sexta-feira, recomendou que avalie se é justo insistir em sua proposta de mudança da Constituição, rejeitada pela direita.
Sagasti destacou o "senso de humor" e a "simplicidade" do novo presidente, que "perguntou onde colocaria os animais que tem em sua casa rural em Cajamarca".