Metrô em Kiev é usado como abrigo contra ataques russosAFP

Kiev - As estações de metrô de Kiev, capital ucraniana, se tornaram nesta quinta-feira (24) abrigo para civis se protegerem dos ataques aéreos realizados pela Rússia. Imagens mostram que a população local tem se deslocando para as estações com mantimentos para se protegerem. Herança da União Soviética, o metrô de Kiev foi inaugurado em 1960 e é a rede subterrânea mais antiga e extensa no país. 
De acordo com o prefeito da cidade, Vitaly Klitschko, um toque de recolher também foi determinado para proteger a "segurança" dos habitantes locais. "O toque de recolher vai durar das 22h às 7h", acrescentou o prefeito, em um comunicado, especificando que o transporte público não funcionará nesses horários, mas que as estações de metrô permanecerão abertas para servir de abrigo em caso de ataques.
Nesta quinta-feira, várias fortes explosões foram ouvidas no centro de Kiev e em outras cidades ucranianas pouco após o anúncio pelo presidente russo, Vladimir Putin, de uma operação militar contra a Ucrânia. Os ataques já provocaram dezenas de mortos, segundo as autoridades ucranianas.
A ofensiva provocou clamor internacional, com reuniões de emergência previstas em vários países. Os 27 membros da União Europeia se reúnem na parte da tarde em Bruxelas, enquanto a Otan convocou uma videoconferência para sexta-feira.
Dois dias depois de reconhecer a independência dos territórios separatistas ucranianos na região de Donbas, o presidente russo, Vladimir Putin, ordenou durante a madrugada a invasão do país vizinho.
"Tomei a decisão de uma operação militar", declarou Putin em um discurso. "Vamos nos esforçar para alcançar uma desmilitarizaração e uma desnazificação da Ucrânia", afirmou.
"Não temos nos nossos planos uma ocupação dos territórios ucranianos, não pretendemos impor nada pela força a ninguém", assegurou, apelando aos soldados ucranianos "a deporem as armas".

Ele repetiu suas acusações infundadas de um "genocídio" orquestrado pela Ucrânia nos territórios separatistas pró-Rússia no leste do país e utilizou como argumento o pedido de ajuda dos separatistas e a política agressiva da Otan em relação à Rússia, da qual a Ucrânia seria uma ferramenta.

Seu porta-voz, Dmitry Peskov, disse a repórteres que Moscou pretende impor um "status neutro" à Ucrânia, sua desmilitarização e a eliminação dos "nazistas" que, segundo ele, estão no país. 
"A duração (da operação) será determinada por seus resultados e sua relevância. Isso será determinado pelo comandante-em-chefe", declarou, referindo-se ao presidente Putin.

"De modo ideal, a Ucrânia precisa ser libertada e limpa dos nazistas", reiterou, acrescentando que seu país não está tentando organizar uma "ocupação".
Pouco depois da meia-noite começaram a ser ouvidas explosões em várias cidades ucranianas, da capital, Kiev, a Kharkiv, a segunda maior cidade do país na fronteira com a Rússia, mas também em Odessa e Mariupol, às margens do Mar Negro.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, proclamou a lei marcial no país e pediu aos compatriotas que "não entrem em pânico", antes de anunciar o rompimento das relações diplomáticas com Moscou.

Por volta das 10h (7h de Brasília), seu gabinete informou que "mais de 40 militares ucranianos morreram, dezenas ficaram feridos" e "quase dez civis morreram".

As autoridades da região de Odessa também indicaram que 18 pessoas morreram em um vilarejo bombardeado pela Rússia.
*Com informações da AFP