O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, afirmou nesta sexta-feira, 25, que a aliança reforçará suas defesas no flanco leste com soldados e meios aéreos, em resposta à invasão russa na Ucrânia.
Stoltenberg explicou que os aliados ativaram seus planos de defesa e "consequentemente (...) estão sendo mobilizados elementos por terra, ar e mar da Força de Resposta da Otan". Isso representa ativar, em estado de alerta máximo, milhares de tropas suplementares e cerca de 100 aviões em 30 posições diferentes, acrescentou.
"A resposta é fortalecer a postura de defesa e dissuasão dos aliados. A aliança ativou seus planos de defesa na quinta-feira e está mobilizando elementos de sua Força de Resposta", anunciou o secretário-geral da Otan.
A equipe é composta por 40.000 soldados e tem como ponta de lança a Força Conjunta de Alta Prontidão (VJTF), que conta com 8.000 membros. Trata-se de uma brigada e batalhões multinacionais apoiados por unidades aéreas, marítimas e de forças especiais. Algumas delas podem estar prontas para se mobilizar dentro de dois a três dias, de acordo com a Otan.
"Desdobramos pela primeira vez a Força de Resposta em nome da defesa coletiva, para evitar excessos contra os territórios da aliança", disse Stoltenberg após uma cúpula por videoconferência dos líderes da Otan.
Stoltenberg afirmou que a Rússia teria o objetivo de chegar à capital ucraniana, Kiev, e “acabar com o governo.” Na sua avaliação, porém, “os objetivos do Kremlin não se limitam à Ucrânia", disse o secretário-geral que emendou: “Putin exigiu a retirada das forças da aliança do território dos países que aderiram depois de 1997."
Além disso, Stoltenberg comentou sobre as forças ucranianas no terreno, "que estão lutando bravamente e continuam capazes de causar perdas às forças invasoras russas."
Mais grave ameaça à segurança da região euro-atlântica em década, diz Otan
Nesta sexta, a Otan já havia divulgado um comunicado a respeito da ofensiva militar da Rússia sobre a Ucrânia. Segundo a entidade, a agressão de Moscou é a mais grave ameaça à segurança da região euro-atlântica em décadas. A mensagem foi divulgada após reunião com lideranças de países membros da aliança, além de Suécia, Finlândia e União Europeia (UE).
"A paz no continente europeu foi fundamentalmente abalada", atestou a Otan. Em resposta, "a Rússia pagará um preço político e econômico severo por anos a fio", afirmou a aliança, que destacou as já divulgadas sanções de nações que se opõem à ação do governo de Vladimir Putin. "A Rússia tem total responsabilidade por este conflito. Rejeitou o caminho da diplomacia e do diálogo repetidamente oferecido pela Otan e pelos Aliados", ressaltou.
A Otan ainda reforçou seu compromisso em manter ajuda "política e prática" à Ucrânia em meio aos ataques.
Entenda o conflito
O conflito na Ucrânia pela Rússia teve início nesta quinta-feira, 24, após o presidente russo Vladimir Putin autorizar a entrada de tropas militares no país do leste europeu. A invasão culminou em ataques por ar, mar e terra, com diversas cidades bombardeadas, inclusive a capital Kiev, que já deixou mais de 130 mortos e mais de 300 feridos. Essa é a maior operação militar dentro de um país europeu desde a Segunda Guerra Mundial.
A ofensiva provocou clamor internacional, com reuniões de emergência previstas em vários países, e pronunciamentos de diversos líderes espalhados pelo mundo condenando o ataque russo à Ucrânia. Em razão da invasão, países como Estados Unidos, Reino Unido e o bloco da União Europeia anunciaram sanções econômicas contra a Rússia.
A invasão ocorreu dois dias após o governo russo reconhecer a independência de dois territórios separatistas no leste da Ucrânia - as províncias de Donetsk e Luhansk. Com os ataques, Putin pretende alcançar uma desmilitarização e a eliminação dos "nazistas" , segundo o presidente russo.
Outros motivos de Putin para a invasão na Ucrânia se dão pela aproximação do país com o Ocidente, com a possibilidade da nação vizinha fazer parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), aliança militar internacional, e da União Europeia. Além disso, o mandatário russo tem ambição de expandir o território do seu país para aumentar o poder de influência na região do leste europeu.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.