Incêndio em prisão na Colômbia deixa 51 mortos e 24 feridosAFP
A tragédia ocorreu em um pavilhão do presídio municipal quando os presos iniciaram uma rebelião e atearam fogo em seus colchonetes para impedir a entrada da polícia.
Um primeiro balanço dava conta de 49 mortos e 30 feridos. Mas o ministro da Justiça, Wilson Ruiz, atualizou os números: "51 pessoas privadas de liberdade morreram e outras 24 ficaram feridas".
"Destes 24 feridos, seis estão internados na unidade de terapia intensiva de Tuluá", acrescentou.
A prisão é fortemente vigiada por policiais e militares. Até meio-dia, os corpos não haviam sido retirados da prisão.
Um policial forneceu uma primeira lista de sobreviventes a parentes desesperados que se reuniram do lado de fora do presídio.
Lorena, companheira de um preso, disse que conseguiu falar com ele de madrugada.
Ele disse que "estavam atirando gás", comentou a mulher que omitiu seu sobrenome em uma conversa com o jornal El Tiempo.
A mulher questionou a versão sobre as ações dos internos. "Parece-me ilógico que trancados em um prédio, vão atear fogo nos colchonetes sabendo que podem se queimar".
Num primeiro momento, as autoridades disseram que o incêndio foi provocado após uma tentativa de fuga, mas no decorrer das horas foi ganhando peso a versão de rebelião provocada por uma briga.
"Esta situação foi causada por uma briga que surgiu entre dois detentos. Um dos internos ateou fogo - ele estava furioso, transtornado - em um colchonete, o que provocou a conflagração", informou o ministro Ruiz.
O fogo afetou apenas um dos pátios da prisão. As chamas se espalharam por um corredor e atingiram outras celas de prisioneiros.
O general Tito Castellanos, diretor do Instituto Nacional Penitenciário e Carcerário (Inpec), especificou que entre os feridos há seis agentes penitenciários, que tentaram socorrer os presos.
"O Corpo de Bombeiros de Tuluá já controlou a situação", acrescentou.
No pavilhão 8 do presídio, epicentro da tragédia, havia 180 detentos, segundo a autoridade penitenciária.
Segundo o general, o presídio abrigava 1.267 detentos, 17% a mais que a sua capacidade.
A perícia trabalha na identificação das vítimas.
O presidente eleito da Colômbia, Gustavo Petro, expressou suas condolências aos familiares das vítimas no Twitter e pediu "um repensar completo da política carcerária diante da (...) dignidade do preso".
"O Estado colombiano encara a prisão como um espaço de vingança e não de reabilitação", acrescentou o esquerdista, que assumirá o cargo em 7 de agosto, evocando a morte de 23 presos durante um motim na prisão La Modelo, em Bogotá, em março de 2020.
O presidente Iván Duque, por sua vez, citou o ocorrido no Twitter, sem mencionar números.
"Lamentamos os acontecimentos ocorridos no presídio de Tuluá (...) Dei instruções para realizar investigações para esclarecer essa terrível situação. Minha solidariedade às famílias das vítimas", escreveu o presidente.
O sistema penitenciário colombiano abriga 97.426 presos. A superpopulação é de quase 16.300, segundo o Inpec.
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