Kiev, na Ucrânia, alvo novamente das tropas russasGENYA SAVILOV / AFP
"Há indícios de que as unidades inimigas planejam intensificar as operações de combate em direção a Kramatorsk e Bakhmut", indicou o Estado-Maior, referindo-se às duas cidades ainda sob controle ucraniano.
O exército russo, que no início do mês anunciou a tomada da região de Lugansk, agora busca conquistar Donetsk, o que lhe permitiria controlar toda a bacia de mineração do Donbass após mais de quatro meses de guerra.
Ao mesmo tempo, Moscou continua bombardeando Kharkiv, segunda maior cidade ucraniana e localizada no nordeste do país.
O governador regional da cidade, Oleg Synyegubov, disse que os ataques russos tiveram como alvos "edifícios civis - um centro comercial e condomínios residenciais".
De acordo com a promotoria regional, "31 pessoas ficaram feridas, incluindo duas crianças de quatro e 16 anos. Seis civis, incluindo um jovem de 17 anos e seu pai, foram mortos".
Na cidade de Chasiv Yar, na região de Donetsk, o balanço de mortos por um bombardeio no fim de semana contra um complexo residencial subiu para 31, informou o serviço ucraniano de situações de emergência.
O porta-voz do Ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov, afirmou por sua vez que "mais de 300" combatentes ucranianos morreram em um bombardeio perto de Chasiv Yar, sem informar a data em que o ataque teria acontecido.
"Nenhum lugar é seguro"
"O inimigo permanece atrás das linhas de defesa, não avança por terra, não tem possibilidades ou capacidades para criar novos grupos de ataque", disse o Comando Operacional Sul.
"As vantagens quantitativas do exército russo são compensadas pela precisão dos mísseis e artilharia à disposição da Ucrânia", disse Oleksiy Danilov, secretário do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia.
Danilov completou que as armas ocidentais entregues ao exército ucraniano já estavam "mudando o rumo da guerra".
Nesse contexto, o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, que viajou à Ucrânia, enfatizou a necessidade de seguir apoiando o leste do país numa guerra que pode "durar mais tempo do que previsto".
- Nacionalidade russa -Nesta segunda-feira, a Rússia anunciou que facilitará o acesso à nacionalidade russa a todos os ucranianos, ampliando uma medida que até o momento se aplicava somente aos territórios da Ucrânia ocupados por suas forças, segundo um decreto assinado pelo presidente Vladimir Putin.
"O Ministério das Relações Exteriores condena energicamente o decreto do presidente da Federação da Rússia", reagiu a chancelaria ucraniana em comunicado.
O decreto "é inútil e só mostra o apetite agressivo de Putin", criticou o ministro das Relações Exteriores, Dmitro Kuleba, citado no documento.
Em Kharkiv, um responsável pelas autoridades de ocupação russas morreu em Veliki Burluk vítima de um ataque, informou a agência estatal TASS nesta segunda-feira.
Segundo a mesma fonte, o "ato terrorista" foi cometido por sabotadores ucranianos infiltrados atrás das linhas russas. A data do ataque não foi divulgada.
Esse tipo de ataque está se tornando frequente nas áreas ucranianas controladas por Moscou, como Kherson ou parte de Zaporizhia, no sul da Ucrânia.
- Preocupação com o gás -O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que o envio de turbinas pelo Canadá necessárias para o funcionamento do gasoduto russo Nord Stream 1 à Alemanha era “inaceitável”. Também anunciou a convocação do embaixador canadense em Kiev.
No sábado, o Canadá decidiu, apesar das sanções impostas à Rússia, devolver à Alemanha as turbinas do gasoduto russo Nord Stream que estavam sendo reparadas no país, ignorando os pedidos de Kiev para que não “caísse nas chantagens do Kremlin”.
Zelensky explicou que a Rússia verá este envio como "uma manifestação de fraqueza".
No Europa, no entanto, os temores estão relacionados com o fornecimento de gás.
O grupo russo Gazprom iniciou nesta segunda-feira as obras de manutenção no gasoduto Nord Stream 1, que transporta grande parte do gás que ainda fornece para a Alemanha e outros países do oeste da Europa.
Como forma de advertência, a Gazprom reduziu nesta segunda-feira o fornecimento de gás para Itália e Áustria, sem informar se a decisão está diretamente relacionada às obras no Nord Stream 1.
A Rússia, alegando um problema técnico, reduziu nas últimas semanas 60% do fornecimento de gás através do Nord Stream, uma decisão denunciada como "política" por Berlim.
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