Em 2016, a Odebrecht se declarou culpada em um tribunal dos Estados Unidos pela distribuição de mais de 788 milhões de dólares em subornos a autoridades governamentais, funcionários públicos e partidos políticosReprodução

Um tribunal do Panamá decidiu na segunda-feira, 7, convocar 36 pessoas para serem julgadas por suposta lavagem de dinheiro para a empreiteira brasileira Odebrecht, em um escândalo que envolve os ex-presidentes panamenhos Ricardo Martinelli e Juan Carlos Varela. Julgamento está marcado para ocorrer no período de 1 a 18 de agosto de 2023.

A juíza Baloisa Marquínez "decidiu abrir um processo criminal" contra 35 pessoas acusadas por suposta lavagem de dinheiro e uma por crimes contra a economia nacional, informou o Poder Judiciário em um comunicado.

Marquínez também "dispensou provisoriamente" 11 pessoas, de acordo com o comunicado, que não menciona os nomes das pessoas que serão julgadas nem daquelas que foram liberadas. 

O caso envolve os ex-presidentes panamenhos Ricardo Martinelli e Juan Carlos Varela. A Promotoria Anticorrupção solicitou na audiência preliminar, realizada em setembro, o envio a julgamento de ambos por suposta lavagem de dinheiro procedente da Odebrecht.

As acusações apontam que Martinelli (2009-2014) e Varela (2014-2019) teriam recebido dinheiro da empreiteira por meio de empresas de fachada e contas no exterior entre 2008 e 2014.

Em 2016, a Odebrecht se declarou culpada em um tribunal dos Estados Unidos pela distribuição de mais de 788 milhões de dólares em subornos a autoridades governamentais, funcionários públicos e partidos políticos, principalmente na América Latina.

No Panamá, a empresa admitiu que pagou 59 milhões de dólares pela atribuição de contratos para obras públicas. Os filhos de Martinelli, Ricardo e Luis Enrique Martinelli, estão presos nos Estados Unidos. Eles se declararam culpados de receber 28 milhões de dólares em subornos da Odebrecht quando o pai era presidente do Panamá.
De acordo com o MP, em algumas obras realizadas pela empresa brasileira "foram registrados superfaturamentos de custos" durante o governo Martinelli, quando Varela era o vice-presidente. Este último também teria recebido dinheiro durante seu primeiro ano de mandato como chefe de Estado.