Kohler foi indiciado em 23 de setembro por cobrança ilegal de juros Ludovic Marin/AFP

Paris - A Justiça da França suspeita que Alexis Kohler, braço direito do presidente Emmanuel Macron, "participou" de decisões relativas a uma companhia de navegação ligada à sua família enquanto alto funcionário. As informações são de acordo com elementos do interrogatório, acessado pela AFP nesta terça-feira, 29.
Secretário-geral da Presidência francesa desde que Macron assumiu o poder em 2017, Kohler foi indiciado em 23 de setembro por cobrança ilegal de juros em um caso por seus vínculos com a companhia marítima MSC, informou a Procuradoria-Geral Financeira (PNF) em outubro.
Os investigadores o acusam de ter "participado", entre 2009 e 2012, como administrador civil, de cinco deliberações da STX France (atualmente conhecida como Chantiers de l'Atlantique) e de três do Grande Porto Marítimo de Le Havre, vinculado à MSC.
Entre 2012 e 2016, como membro dos gabinetes dos ministros da Economia, Pierre Moscovici e Emmanuel Macron, Kohler continuou "emitindo pareceres e dando orientações estratégicas" em processos envolvendo esta companhia de navegação, fundada e dirigida pelos primos de sua mãe, a família Aponte.
Embora a PNF tenha arquivado o caso em agosto de 2019, aberto um ano antes após uma série de reportagens da mídia investigativa Mediapart, a associação anticorrupção Anticor conseguiu reabri-lo em junho de 2020.
Além da acusação de cobrança ilícita de juros, a Justiça concedeu a Kohler o status mais favorável de testemunha assistida pela acusação de tráfico de influência.
Procurada, a Presidência francesa se recusou a comentar o caso nesta terça-feira, por se tratar de uma "investigação em andamento". Em outubro, quando a acusação se tornou conhecida, a assessoria de Macron disse que Kohler continuaria no cargo.