Thomas Matthew Crooks foi identificado pelo FBI como atirador que tentou matar TrumpDivulgação

O FBI identificou Thomas Matthew Crooks, de 20 anos, como o atirador que tentou assassinar o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump. O jovem era um estudante quieto que frequentava aulas avançadas e um solitário às vezes intimidado que não falava abertamente sobre suas opiniões políticas, disseram colegas de classe neste domingo, 14, quando um perfil do atirador começava a surgir.
Crooks foi baleado e morto pelo Serviço Secreto segundos depois de ter disparado tiros contra o palanque onde Trump discursava no último sábado, 13, na Pensilvânia. Ele atirou com um fuzil AR-15 e acertou o magnata, de 78 anos, na orelha até ser identificado por um agente.
Segundo as autoridades, um espectador identificado como Corey Comperatore, um bombeiro de 50 anos, morreu e outros dois participantes do evento ficaram gravemente feridos.
Quem era o atirador?
O jovem morava no distrito de Bethel Park, na Pensilvânia, a cerca de 70 km do local do atentado, e estava registrado no sistema eleitoral do estado como republicano. As autoridades policiais tiveram dificuldades para identificá-lo rapidamente após o tiroteio, não encontrando nenhum documento de identidade com foto em seu corpo. 
Crooks trabalhava na cozinha de uma casa de repouso local, a uma curta distância de carro de sua casa. Registros eleitorais estaduais mostram que ele era um republicano registrado, de acordo com a mídia dos EUA. Ele também teria doado US$ 15 ao grupo de campanha liberal ActBlue em 2021.
O atirador se formou na Bethel Park High School em 2022, no oeste da Pensilvânia. Os alunos da escola deram gritos e aplausos barulhentos para a maioria de seus colegas de classe quando eles subiram de boné e beca ao pódio para receber seus diplomas. 

Os estudantes disseram que Crooks, às vezes vestidos com camuflagem ou trajes de caça, tinham poucos amigos e interagiam de maneira estranha na escola.
"Se alguém dissesse algo na cara dele, ele simplesmente ficaria olhando para eles", disse Julianna Grooms, que se formou um ano após o jovem. "As pessoas diriam que ele era o aluno que destruiria o ensino médio".
Jason Kohler, que disse ter frequentado a mesma escola secundária, afirma que ele era vítima de bullying na escola e ficava sozinho na hora do lanche. Segundo Kohler, os outros estudantes zombavam dele pelas roupas que usava, incluindo roupas de caça, disse Kohler.

"Ele era vítima de bullying quase todos os dias", contou aos repórteres. "Ele era apenas um excluído, e você sabe como as crianças são hoje em dia."
Uma outra colega de classe, que pediu para não ser identificada, disse que Crooks era muito inteligente, fazia aulas de honra e era tímido. Ela disse que ele tinha um grupo de amigos que eram bastante conservadores, alguns dos quais usavam chapéus de Trump.

"Definitivamente houve um papo sobre ele apenas parecer um pouco diferente", disse o colega de classe sobre Crooks. "Quase uma vibe nerd retrô", acrescentou.

Já os moradores de seu bairro suburbano, com casas de tijolos, disseram não ter nenhuma lembrança dele. Estudantes de escolas secundárias da região, reunidos em festas de verão neste fim de semana, estavam verificando suas redes sociais em busca de qualquer vestígio dele e encontraram pouco.
Arma usada no atentado
Crooks tentou entrar na equipe de tiro da escola, mas foi rejeitado porque não era um bom atirador, disse Frederick Mach, capitão atual da equipe.
Segundo o site do Clairton Sportsmen's Club (Clube Esportista Clairton), ele era sócio de um clube de tiro local há pelo menos um ano. O local fica ao sul de Pittsburgh e é "uma das principais instalações de tiro na área dos três estados" da Pensilvânia, Ohio e Virgínia Ocidental.
Possui vários campos de tiro, incluindo uma instalação de rifles de alta potência com alvos a até 171 metros de distância. "Obviamente, o clube adverte totalmente o ato insensato de violência", disse o advogado Robert S Bootay III, que representa a organização, ao 'Los Angeles Times'.
Autoridades policiais acreditam que o fuzil usado para atirar em Donald Trump pertencia ao pai do atirador e estavam tentando determinar se ele pegou a arma sem o conhecimento dele.

Matthew Crooks presumiu que seu filho havia ido ao campo de tiro no sábado, mas ficou preocupado quando não conseguiu entrar em contato e chamou a polícia após a notícia do tiroteio, informou as autoridades.
De acordo com o serviço secreto, Crooks atirou do telhado de uma fábrica a mais de 130 metros do palco do Butler Farm Show, evento realizado há mais de 70 anos. O FBI acredita que ele agiu sozinho. Ainda assim, a investigação tenta identificar se outras pessoas estão envolvidas no crime. O Serviço Secreto afirmou que a motivação do atentado contra o ex-presidente ainda é desconhecida.
Explosivos
Autoridades policiais encontraram explosivos no carro de Thomas Matthew Crooks, disseram autoridades policiais familiarizadas com a investigação à imprensa norte-americana. 
Os agentes acreditam que podem ter encontrado mais material explosivo na casa do atirador, noticiou o 'The New York Times'.
Neste domingo (14), a polícia fechou todas as vias que dão acesso à residência da família dele, em um bairro de classe média em Bethel Park, a pouco mais de 80 quilômetros, ou uma hora de carro, de Butler, onde ocorria o comício interrompido pelo ataque a tiros. Os agentes encontraram materiais para fazer bombas na casa de sua família, disseram funcionários do FBI.
Trabalhava em casa de repouso
Crooks trabalhava como auxiliar de nutrição no Bethel Park Skilled Nursing and Rehabilitation Center, uma casa de repouso a menos de um quilômetro da casa de sua família, de acordo com Marcie Grimm, administradora do centro.

"Estamos chocados e tristes ao saber de seu envolvimento, pois Thomas Matthew Crooks realizou seu trabalho sem preocupação e sua verificação de antecedentes estava limpa", disse Grimm em um comunicado.

Um colega que trabalhou com Crooks na casa de repouso e que pediu para não ser identificado o descreveu em uma entrevista como "o cara mais doce".
O atirador, disse o colega, nunca expressou opiniões políticas no trabalho e não era "um radical", afirmando: "É difícil ver tudo o que está acontecendo on-line porque ele era uma pessoa muito, muito boa que fez uma coisa muito ruim, e eu só queria saber o porquê".