Donald Trump, ex-presidente dos EUACharly Triballeau / AFP

Estados Unidos - Donald Trump vai anunciar nesta segunda-feira (15) o seu companheiro de chapa presidencial, no início da Convenção Nacional Republicana em Milwaukee, onde seus apoiadores, ainda abalados pelo ataque contra o magnata, vão proclamá-lo como candidato à Casa Branca. 

O ex-presidente, de 78 anos, é a esperança dos republicanos para derrotar o presidente democrata Joe Biden. Trump será aclamado por cerca de 50 mil republicanos em um encontro de quatro dias às margens do Lago Michigan, culminando com seu discurso de aceitação na próxima quinta-feira (17).

Nesta segunda, Trump deve anunciar quem o acompanhará na chapa como vice-presidente. "Confirmou que hoje [segunda-feira] escolherá seu vice-presidente", disse Bret Baier, apresentador da emissora "Fox News", que falou com Trump por telefone.

A tentativa de assassinato que o republicano sofreu no sábado (13) na Pensilvânia, onde sofreu um ferimento na orelha direita, continua dominando o noticiário. O atirador, que foi morto, matou um espectador do comício em Butler e feriu outras duas pessoas.

Trump já está em Milwaukee, cidade de 570 mil habitantes e a principal do estado de Wisconsin. "Não vamos mudar nada por causa de um evento trágico na Pensilvânia", garantiu à AFP David Bossie, chefe do grupo conservador Citizens United e co-presidente da convenção.
'Poderia estar morto'
"Eu não deveria estar aqui, poderia estar morto", declarou Trump no domingo (14) ao jornal "The New York Post", que informou que o ex-presidente estava usando uma bandagem branca na orelha ferida.

Ele disse que se salvou por virar um pouco à direita para ler um gráfico sobre migração, razão pela qual o tiro o atingiu na orelha.

Trump felicitou o trabalho do serviço secreto, responsável pela segurança presidencial, e o atirador de elite que eliminou o agressor com um tiro "entre os olhos".

'Caça às bruxas'
Líder nas pesquisas, apesar de seus problemas jurídicos e de uma condenação, Trump parece a caminho da vitória, enquanto Biden, de 81 anos, recebe apelos de integrantes do próprio partido para abandonar a disputa eleitoral, após várias gafes e um mal desempenho em um debate contra o rival republicano no fim de junho, episódio que reforçou os alertas sobre a saúde mental do presidente.

Uma juíza da Flórida rejeitou nesta segunda uma acusação criminal contra Trump por gestão indevida de documentos secretos, argumentando que o promotor do caso foi designado incorretamente.

"Rejeitar esta acusação ilegal deveria ser apenas o primeiro passo, seguido pelo abandono de TODOS os caças às bruxas", disse Trump, que considera as acusações judiciais contra ele como perseguição, em sua rede social Truth Social, após a decisão ser divulgada.

Martin Kutlzer, morador de Milwaukee e simpatizante republicano, acredita que Trump vai vencer. "Sempre tendemos a nos unir em torno dos afetados", argumentou.

Suavizar o discurso
Trump foi submetido a uma tomografia preventiva que não acusou problemas, informou a "ABC News". Após os eventos de violência, espera-se que Trump faça um discurso de aceitação com uma linguagem mais suave, depois de ter escapado da morte por pouco.

Muitos de seus apoiadores em Milwaukee têm pedido por unidade e para deixar de lado os insultos mútuos entre republicanos e democratas.

Os republicanos culpam uma retórica "exagerada" anti-Trump por este ataque, enquanto crescem os temores de que a violência política aumente no país.

Biden disse no domingo que "não há lugar para esse tipo de violência nos Estados Unidos" e apelou para que o país "se una".

Os locais utilizados para a convenção estão protegidos pela polícia e pelo Serviço Secreto, com grandes cercas metálicas nas ruas.

'Tudo por Trump'
Grande parte da convenção foi concebida à imagem de Trump, com seu slogan de campanha "Make America Great Again" como ideia central.

O empresário designou pessoas de sua confiança para comandar o partido, incluindo sua nora Lara Trump como co-presidente do Comitê Nacional Republicano, afastando os dissidentes.

Depois da derrota para Biden nas eleições de 2020, Trump passou os últimos anos trabalhando para voltar ao poder, esmagando os rivais dentro do partido ou reunindo ex-adversários ao seu lado.

A ex-primeira-dama Melania Trump também estará na convenção. Os grandes temas da reunião incluem o poder aquisitivo, a imigração, a criminalidade e a segurança do país.

Vice-presidente 
O ex-presidente parece inclinado por uma decisão entre dois senadores, J.D. Vance, de Ohio, o aparente favorito, e o cubano-americano Marco Rubio, da Flórida.
Outro nome na disputa é o governador da Dakota do Norte, Doug Burgum, que inicialmente concorreu contra Trump pela indicação presidencial, antes de se alinhar ao empresário.

Independente de sua decisão, o senador democrata Michael Bennet admitiu na semana passada à imprensa que "Trump está no caminho para vencer as eleições, talvez por maioria esmagadora, e levar o Senado e a Câmara de Representantes".