A investigação utilizou quatro jovens alpacas para os testes e suas conclusões coincidem com um trabalho belga realizado com lhamas, outro camelídeo andino, divulgado recentemente.
"Os anticorpos da alpaca são dez vezes menores que os anticorpos convencionais, além de terem alta sensibilidade e afinidade, muito boa escalabilidade e serem termoestáveis", disse Patricia Herrera, uma das cientistas da equipe que participou da pesquisa, citada pela agência estatal Andina.
De acordo com a pesquisa, os camelídeos têm um tipo diferente de anticorpos, os de cadeia pesada (HCAb), que são usados para gerar VHH ou nano anticorpos úteis para o diagnóstico e tratamento de várias doenças, por meio de técnicas de biologia molecular.
"Você pode usar o VHH de alpacas para detectar anticorpos contra a COVID-19 que as pessoas infectadas adquirem e que foram gerados entre uma e duas semanas após o contágio", diz a cientista.
"As terapias com VHH - como com outros anticorpos chamados monoclonais - seriam específicas contra o vírus", diz a Dr. Herrera.
"Para cada caso, as alpacas seriam imunizadas com a proteína do patógeno que queremos reconhecer", explicou o cientista.
VHH muito específicos
A pesquisa, liderada pelo Dr. José Espinoza, não descarta que esses anticorpos possam ser utilizados para produzir uma vacina, algo que deve demorar meses.
"Nosso laboratório possui toda a plataforma necessária para começar a gerar esses VHHs. No momento, não iniciamos porque buscamos recursos para realizar o projeto", afirmou Herrera.
A equipe da Universidade Cayetano Heredia, localizada em Lima, pesquisa nanocorpos desde 2012.
O Peru, que está em confinamento desde 16 de março até 24 de maio, é um dos países mais afetados da região, atrás do Brasil, com mais de 61.000 infecções e mais de 1.700 mortes por COVID-19.