- Marcos Vaz
Marcos Vaz
Por Jessyca Damaso

O novo coronavírus deixou o mundo do avesso com muitas perguntas ainda sem respostas. Uma delas é feita pelos amantes de viagens: como será o futuro do turismo pós-pandemia? Segundo Lucas Estevam, do blog e canal no YouTube 'Estevam pelo mundo', e Marcos Vaz, do 'Vaz aonde', novas tendências irão surgir — desde a forma de se locomover até a escolha do destino. Para os influenciadores de viagem, essa será a oportunidade das pessoas redescobrirem o Brasil e fortalecerem a economia local.

Considerado o maior canal de um viajante solo no Brasil, Estevam acredita que a pandemia vai mudar muita coisa no curto e médio prazo dentro do cenário do turismo. "Creio que o foco em viagens mais vivenciais, fora de grandes centros urbanos, sejam uma tendência crescente. Já vemos algumas pessoas fazendo isso de carro em regiões próximas, ajudando o turismo local. Mas é importante que isso seja feito de forma segura e responsável", diz.

Ele ainda contou que o seguro viagem tornou-se um item muito buscado, e não mais visto como 'adicional' ou 'um gasto', mas sim, preocupação de segurança.

Para o carioca Marcos Vaz, de 32 anos, novos hábitos vão começar a fazer parte da rotina desse 'novo normal' que o mundo está vivendo.

"As pessoas que antes ficavam em quartos compartilhados vão pensar duas vezes ou vão procurar quartos com menos rotação de pessoas. Agora, elas vão procurar saber mais como estão sendo os cuidados do hotel. Fico na dúvida também quanto àqueles sites que alugam residências, que têm muita rotatividade, e talvez não tenha tanta fiscalização do governo ou dos órgãos responsáveis quanto à limpeza."

Fortalecimento do turismo interno
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No fim do mês passado, a União Europeia confirmou oficialmente que residentes do Brasil e dos Estados Unidos serão barrados na reabertura das fronteiras externas, após mais de três meses fechadas. Segundo os produtores, não é hora lamentar, e sim, de se reinventar.
"Isso já é algo que todos os criadores estão sentindo. Agora, é fundamental repensarmos a forma como vamos criar nosso conteúdo, como iremos viajar e adequar nosso planejamento às novas possibilidades. Afinal, um criador de conteúdo influencia — e muito — as decisões do público. Por isso, temos que estar atentos a esta realidade", reflete Estevam, que já visitou 77 países.
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Com as restrições de voos para outros países, os turistas têm a chance de explorar o que o Brasil tem de melhor.
"Mas para isso, tem que ter uma ação conjunta entre os criadores de conteúdo, o governo, as pousadas e as secretarias de turismo para incentivar e facilitar a vida do viajante", pondera Marcos, que continua: "haverá uma série de procedimentos para as pousadas e para os pequenos comerciantes trabalharem, mas isso não pode ser um impeditivo, então poderá ficar confuso no começo, mas acredito que é uma grande oportunidade para o brasileiro conhecer o seu país, que ao meu ver é o mais bonito do mundo".
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Viagens canceladas e prejuízo
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Desde o anúncio da pandemia, Estevam teve vários projetos cancelados ou adiados. Entre os planos que viu virar fumaça estavam a tão sonhada viagem para o Japão nas Olimpíadas e a visita a todos os estados do Brasil em abril deste ano. Marcos e sua namorada, a argentina Ines Lafosse, criadora de conteúdo, também foram pegos de surpresa. "Tive praticamente meu ano todo cancelado", diz o carioca.
Muitos influencers têm rendas que dependem diretamente de viagens, o que não é o caso deles. Marcos conta que não sofreu tanto impacto financeiro porque já tinha outras formas de ganhar dinheiro. Mas revela que esse cenário precisa acabar o mais rápido possível para voltar a produzir conteúdos novos.
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"Já tinha meu negócio estruturado, não tão dependente da viagem, claro que ela é um fator primordial porque é o conteúdo que atrai as pessoas. Mas dentro das minhas redes sociais há venda de produtos, como o curso de fotografias, de redes sociais. Então, consegui me manter bem durante a pandemia. Porém, precisamos voltar o mais rápido possível, porque os conteúdos já estão acabando. Ainda tem bastante para postar, mas não aquele ânimo de postar, porque é um negócio antigo. A gente tá em casa, postando coisa de viagem. Dá uma tristeza".
Com Estevam não foi diferente. "Minhas principais fontes de renda têm sido meu canal, que acabou de bater 1 milhão de inscritos, e também meus cursos online: o 'Influenciador digital de sucesso', 'Fontes de renda online' e o 'Viajando com milhas', onde centenas de alunos estão aprendendo muito durante a pandemia. Outra fonte que cresceu foram as ações publicitárias de casa. Muitas marcas têm anunciado com influenciadores, o que nos ajuda a manter o nome da marca 'aceso' no mercado e as publicidades acontecendo", revela.
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Fazer valer a pena
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Na visão dos criadores de conteúdo, essa pandemia veio para ressignificar o verdadeiro valor das coisas. Para eles, o modo como as pessoas vão turistar será diferente. "Após tanto tempo em casa, muitos têm repensado inúmeros fatores da vida. Um deles que tenho escutado é a 'saudade de viver momentos'. Acredito que isso deve se refletir na forma como viajamos", relata Estevam.
Marcos Vaz e a namorada moram em Arraial do Cabo há quatro meses. O casal aguarda ansiosamente pela a reabertura da cidade para começar a produzir conteúdos por lá e pelos arredores.
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"Quanto à viagem de avião, temos planos lá pra janeiro, mas nem sabemos quando vamos comprar. A ideia é fazer uma viagem internacional, se tudo estiver bem. Se a OMS estiver falando que é possível, e aí vamos torcer também pra ter aparecido a vacina, para ficarmos tranquilos. Ou vamos para um lugar bem afastado, onde não tem uma grande rotatividade de pessoas, mas até o fim do ano pretendemos fazer uma região local e se conseguirmos apoio de alguma empresa, de repente fazemos um pouco mais do nosso país".
Estevam também não vê a hora de colocar a mochila nas costas e botar o pé na estrada, mas avisa: "Quero muito fazer uma viagem por todos os estados do Brasil para valorizar e incentivar o turismo em cada canto de nosso país. Mas isso, apenas quando estiver realmente seguro. Afinal, como influenciador, faço questão de dar exemplo e incentivar apenas o turismo consciente — tanto para o viajante, quanto para o destino".
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