Washington - A ordem de lançar a “Mãe de Todas as Bombas” contra cavernas de um braço do Estado Islâmico no Afeganistão não partiu diretamente de Donald Trump. O presidente americano admitiu, horas depois do ataque, que não chegou a autorizar especificamente a operação, que pôs em atividade o mais potente artefato não nuclear já fabricado — até então, a Moab, na sigla em inglês, só tinha sido detonada em testes.
“Todo mundo sabe o que aconteceu, então... o que fiz foi dar total autonomia às Forças Armadas. Nós temos os melhores militares do mundo, e eles cumpriram uma missão, como sempre fazem. Foi por causa dessa autonomia que eles foram tão eficazes”, desconversou Trump.
Coreia na mira
O ataque pegou o mundo de surpresa, já que as atenções estavam voltadas para o impasse na Síria e para as animosidades com a Coreia do Norte de Kim Jong-un. Fontes militares afirmam que o porta-aviões USS Carl Vison se preparava, na noite desta quinta, para um iminente ataque — tudo dependia do humor do ditador, que estaria preparando outro teste de mísseis.
Ao contrário de Trump, que também parece ter sido pego de surpresa, o governo afegão foi avisado do plano. “Estávamos a par do ataque aéreo de forças americanas no Distrito de Achin, em Nangarhar”, tuitou Shah Hussain Murtazavi, porta-voz do presidente Ashraf Ghani.
O bombardeio com a GBU-43, um projétil de 10 toneladas que mata com uma onda de pressão aérea, foi executado às 19h32 (horário local, 12h02 de Brasília). O artefato destruiu tudo em um raio de 1,5 km, graças ao potente deslocamento de ar. Quem estivesse dentro desse perímetro viraria pó.
O porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, indicou que o objetivo era acabar com um “sistema de túneis e cavernas” do Estado Islâmico no Afeganistão que “lhes permitia mover-se com liberdade e atacar com mais facilidade assessores (militares) americanos e homens das forças afegãs”. “Foram tomadas precauções para evitar vítimas civis. A avaliação das baixas está em processo”, acrescentou o governo afegão.
O escritório do governador de Nangarhar confirmou que membros-chave do grupo jihadista no país foram abatidos e que o refúgio dos terroristas destruído. O governo do Afeganistão afirmou que o número de insurgentes do EI no país é inferior a 400 e que no ano passado abateu 2.500 membros do grupo, o que reduziu sua presença a somente duas das 34 províncias afegãs.