Por lucas.cardoso

Caracas - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, demitiu subitamente a ministra da Saúde depois que a pasta rompeu um silêncio de quase dois anos a respeito de dados que mostram que a crise médica piorou consideravelmente no país. A ginecologista Antonieta Caporale, que só ocupou o cargo por quatro meses, foi substituída pelo farmacêutico Luis López, informou Caracas.

Dados do Ministério da Saúde publicados esta semana revelaram que os casos de mortalidade infantil aumentaram 30% e que mortalidade materna subiu 65%, enquanto as ocorrências de malária aumentaram 76% no ano passado. Também houve um salto em doenças como difteria e Zika.

Ministra liderava a pasta há pouco mais de quatro mesesReprodução Twitter

No quarto ano de uma recessão brutal, a Venezuela está sofrendo com a escassez generalizada de remédios e de equipamentos médicos básicos. Uma associação farmacêutica de renome disse que a nação carece de cerca de 85% dos medicamentos. Milhões também são vítimas da falta de alimentos e da inflação em disparada, o que alimenta protestos contra Maduro.

Ao anunciar a mudança ministerial no final da noite desta sexta-feira, o vice-presidente Tareck El Aissami não deu explicações para a demissão. "O presidente Nicolás Maduro agradece a doutora Antonieta Caporale por seu trabalho", escreveu ele no Twitter.

O ministério parou de divulgar cifras depois de julho de 2015, em meio a um grande apagão de dados. A pasta define mortalidade infantil como a morte de crianças de 0 a 1 ano e a mortalidade materna como a morte na gravidez ou até 42 dias após o final da gestação.

O governo venezuelano só informa o número de casos e as mudanças em percentagens, ao invés de taxas para cada mil pessoas, como a maioria dos países, tornando impossíveis as comparações com outros períodos de tempo e países.

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