Washington - O presidente americano, Donald Trump, acusou nesta terça-feira os seus rivais democratas de serem, em grande parte, responsáveis pelo fracasso da reforma do sistema de saúde, prometida há sete anos por seu partido e pilar emblemático de sua campanha eleitoral.
"Todos os democratas e alguns republicanos nos deixaram cair. A maioria dos republicanos foi leal, formidável e trabalhou muito duro. Voltaremos!", tuitou Trump nas primeiras horas da manhã desta terça-feira, após ter admitido na véspera que o projeto de reforma havia naufragado por causa das novas deserções de senadores republicanos.
Trump mais tarde pareceu resignado com o bloqueio parlamentar da reforma e declarou que a lei democrata de 2010 assinada por seu antecessor Barack Obama acabará por si só.
"Deixemos que Obamacare desmorone, será mais simples", disse Trump da Casa Branca. "Deixaremos que o Obamacare fracasse, e depois os democratas virão até nós".
Sua proposta de deixar o Obamacare morrer consiste em não corrigir as falhas de mercado dos seguros de saúde privados, o que, segundo ele, pressionaria os democratas a convergir com republicanos para reparar o sistema.
O presidente acreditava que a sua promessa de derrogar o Obamacare de 2010 seria rapidamente cumprida. Mas o projeto imaginado pela maioria, na metade do caminho entre uma derrogação e uma reforma, enfrentou a oposição conjunta de conservadores e moderados.
Este fracasso é considerado humilhante para os republicanos, que além de estarem na Casa Branca têm maioria nas duas casas do Congresso.
Dois legisladores republicanos dos Estados Unidos anunciaram, na segunda-feira, sua oposição ao projeto de lei do Senado que substitui o Obamacare, praticamente enterrando o plano em sua versão atual, o que supõe um grande revés para o presidente Donald Trump.
"Meu colega @JerryMoran e eu não apoiaremos a MTP (moção para prosseguir) com esta versão do BCRA #HealthcareBill (reforma da saúde)", tuitou o senador conservador Mike Lee.
Os republicanos controlam 52 das 100 cadeiras do Senado e os democratas estão unidos contra a polêmica legislação, enquanto os republicanos se mostram divididos. O partido de Trump não se permitia mais deserções após os senadores Susan Collins e Rand Paul se declararem contra o projeto, na semana passada.
Com a oposição de Lee e Moran, o projeto que substitui o Obamacare não tem qualquer possibilidade de obter a aprovação, a menos que o líder da maioria no Senado, Mitch McConnell, decida fazer alterações significativas para atrair os céticos.
No final de semana, McConnell adiou a votação sobre o projeto de lei após o senador republicano John McCain se submeter a uma cirurgia na vista e ficar em recuperação em casa por uma semana.