Niterói: protegida da Dengue e arboviroses em 100% pelo pioneiro método WolbachiaReprodução/Internet
Segundo os dados da Secretaria Municipal de Saúde, em 2015, ano da implantação do projeto, foram confirmados 158 casos de dengue em Niterói. Em 2016, foram 71, em 2017, 87. Já em 2018, foram 224 pacientes confirmados com a doença - a maior parte na Região Norte da cidade, onde o programa ainda não havia sido implantado. O número caiu no ano seguinte, quando foram registrados 61 casos. A partir de 2020, os números caíram a cada ano: 85, 16 (2021) e 12 (2022). Em 2023, foram confirmados 55 casos de dengue na cidade. Até o momento, Niterói registra 3 casos confirmados de dengue.
TRABALHO UNIFICADO
Niterói possui uma equipe de fiscais sanitários que atuam exclusivamente em vistorias de imóveis abandonados, que são um risco para a proliferação dos vetores. Durante todo o ano, as equipes do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) realizam o trabalho de rotina de prevenção e combate ao mosquito transmissor das arboviroses. A cobertura abrange 205 mil imóveis, com planejamento de visita pelos agentes a cada 2 meses.
Há cerca de 300 servidores envolvidos nas atividades de combate ao mosquito transmissor das arboviroses, e 5 mil imóveis são visitados diariamente. Além do trabalho diário, mutirões são realizados aos finais de semana, intensificando as ações de combate ao mosquito. A equipe de Educação do CCZ também realiza atividades educativas de prevenção em toda a rede de ensino público municipal e estadual de Niterói. Profissionais do Programa Médico de Família também atuam em parceria com o CCZ nas suas áreas de cobertura.
A secretária municipal de Saúde de Niterói, Anamaria Schneider, ressalta o trabalho dos agentes do CCZ e também a parceria entre a SMS e a Fiocruz no Projeto Wolbachia. “Esse trabalho que é feito de combate às arboviroses é fruto da dedicação dos nossos agentes. É um trabalho de prevenção que também passa pelas atividades de conscientização desenvolvidas em palestras lideradas por esses profissionais em unidades de saúde, escolas e também nas praças da cidade. Vale destacar ainda que através do Projeto Wolbachia, em parceria com a Fiocruz, se mantém um cenário positivo dos casos das doenças causadas pelo mosquito Aedes aegypti”, explica Anamaria.
METODOLOGIA PIONEIRA
Em 2023, Niterói se tornou a primeira cidade brasileira com 100% do território coberto pelo método Wolbachia. No Brasil, ele é conduzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), com financiamento do Ministério da Saúde, em parceria com os governos locais.
Mesmo com os desafios impostos pela pandemia da Covid-19, o trabalho seguiu com o monitoramento e a triagem dos mosquitos. Em 2022, o trabalho recomeçou. Na fase de finalização, os mosquitos com a Wolbachia foram liberados em 19 bairros localizados na área da região Norte que ainda não estava coberta, na região de Pendotiba e na região Leste.
A Wolbachia é um microrganismo presente em cerca de 60% dos insetos na natureza, mas ausente no Aedes aegypti. Uma vez inserida artificialmente em ovos de Aedes aegypti, a capacidade do Aedes transmitir o vírus da zika, chikungunya e febre amarela fica reduzida.
Com a liberação de mosquitos com a Wolbachia, a tendência é que esses mosquitos se tornem predominante e diminua o número de casos associado a essas doenças.
A medida é complementar e ajuda a proteger a região das doenças propagadas pelos mosquitos, uma vez que o Aedes aegypti com Wolbachia – que têm a capacidade reduzida de transmitir dengue, zika, chikungunya – ao serem soltos na natureza se reproduzem com os mosquitos de campo e geram Aedes aegypti com as mesmas características, tornando o método autossustentável.
O monitoramento da população de mosquitos se faz necessário para acompanhar a estabilização da população dos insetos com Wolbachia no território. Este monitoramento é feito por meio da coleta dos mosquitos capturados pelas armadilhas tipo OVITRAMPAS, as quais são instaladas em locais previamente georreferenciados, obedecendo a metodologia padrão sugerida pela Fiocruz.
O diagnóstico da presença da Wolbachia nos Aedes aegypti é feito nos laboratórios do WMP Brasil/Fiocruz, por técnicas de biologia molecular. A produção de indicadores entomológicos através da contagem de ovos também é estratégia proposta pelo Ministério da Saúde aos municípios, conforme NOTA TÉCNICA Nº 33/2022- CGARB/DEIDT/SVS/MS. A produção desses indicadores vetoriais será possível através da instalação das armadilhas Tipo Ovitrampas.
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