Obra do artista Cesar Coelho: em exposição no MACDivulgação
Cesar nasceu em Andorinhas, RJ, em 1949 e aos quinze anos mudou-se para Niterói, onde até hoje vive e trabalha. Formou-se em Direito pela UFF e fez um Mestrado em Linguística. Durante mais de trinta anos trabalhou como designer de sapatos e acessórios, período em que criou coleções inspiradas em Mondrian, Miró e Matisse para a marca SWAINS, criada por ele e seus irmãos. A coleção Mondrian, especialmente, foi amplamente divulgada e consumida, sendo que a bolsa ícone da coleção faz parte hoje do acervo permanente da seção de indumentária do Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro.
Iniciou-se na pintura com Roberto Paragó, pintor paisagista de Niterói. Paragó cultivava a pintura ao ar livre, direta da natureza, tradição da cidade desde o Grupo Grimm (Niterói, entre 1884 e 1886). Assim deu seus primeiros passos na observação da luz e da sombra, dos volumes, do uso das cores. Pintando as paisagens começou a registrar a presença das pessoas que nelas apareciam - eram pescadores, pessoas junto ao mar. Daí por diante o foco principal de sua pintura deslocou-se gradualmente da paisagem para a figura humana. Fez então alguns cursos livres na EAV – Escola de Artes Visuais do Parque Lage, principalmente de modelo vivo. Foi um caminho sem volta. Nunca mais se afastou dessa procura, da leitura e entendimento do ser humano através de seu corpo e de sua face. Deu-se então o encontro de duas paixões: a representação pictórica e a linguagem escrita. O rosto e o corpo são um texto. A necessidade de expandir seu campo de criação levou-o a experimentar a argila. Sob a orientação do escultor Rodrigo Pedrosa, grande artista e mestre generoso, começou a modelar o barro, sujar as mãos e extrair da terra as formas que precisavam emergir. O resultado foi o surgimento de figuras, principalmente cabeças, muito próximas das que povoam sua pintura.
A arte de Cesar Coelho trata fundamentalmente da condição humana, apontando seu foco para as pessoas que encontra nas ruas, aparentemente esquecidas de si mesmas. Diz o artista: “Busco as ruas, o homem da rua. Me atraem as figuras que encontro nas praças, nas calçadas, paradas, olhando, pensando. No que pensam, o que olham, qual o seu entendimento do mundo? Niterói é o meu campo. Em seus espaços públicos encontro os protagonistas de minhas histórias e queria chamá-los irmãos. Estamos todos no mesmo barco, na mesma travessia.”
Cidade Silenciosa sintetiza esse pensamento e essa figuração pictórica. O conjunto de figuras humanas representadas nas obras forma uma comunidade quase invisível, inaudível e silenciosa. A exposição apresenta um conjunto de pinturas em grandes e pequenos formatos, todas em óleo e acrílica sobre tela, que tomam as cinco paredes que formam o grande salão. O espaço central é ocupado por uma instalação composta por andaimes e metal, de onde surgem, ou onde se escondem, as cabeças, corpos e representações metafóricas do destino humano, como na obra O Parto de si. São esculturas feitas em argila queimada, algumas retrabalhadas com betume, tinta acrílica ou esmalte.
Marcus de Lontra Costa, na abertura de seu brilhante texto curatorial, nos diz: “Todo olhar é, também, uma escolha, uma seleção de imagens que estrutura a nossa interpretação da realidade. A função da arte é provocar essa suposta verdade, ir além do fato e propor novas e instigantes percepções sobre o “real”. A arte não reproduz, ela “torna visível”. A arte de Cesar Coelho busca tornar visíveis os habitantes dessa Cidade Silenciosa.
Exposição - "Cidade Silenciosa" - individual de Cesar Coelho
Curadoria: Marcos de Lontra Costa
Visitação: 07/12/24 a 23/02/2025
Local: Salão Principal MAC Niterói
Endereço: Mirante da Boa Viagem, s/nº - Boa Viagem - Niterói - RJ
Horário: terça a domingo, das 10h às 18h (entrada permitida até 17h30)
Classificação indicativa: livre
Valor de ingresso: R$16 reais inteira / R$8 reais meia
Gratuidades: Crianças menores de 7 anos; Estudantes da rede pública (fundamental e médio); Moradores e naturais de Niterói; Servidoras/es públicos municipais de Niterói; Pessoas com deficiência; Visitante que chegar ao museu de bicicleta. Às quartas-feiras a visitação é gratuita para todo mundo!
Meia-entrada: Pessoas com mais de 60 anos; Estudantes de escolas particulares e universidades; ID Jovem: Pessoas de baixa renda com idade entre 15 e 29 anos que estejam inscritas no CadÚnico; Professoras/es.
Local da venda de ingresso: diretamente na bilheteria do museu (somente pagamento em dinheiro). Lembramos que não é permitido circular dentro do museu com comida, bebida, bolsas e mochilas de porte médio ou malas, mas há no local guarda-volumes gratuito, sujeito à lotação.
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