Niterói - De acordo com especialistas da Fiocruz, o Brasil pode enfrentar um cenário desafiador em 2025 no combate à dengue. Previsões apontam para uma possível alta de casos devido a fatores como o clima mais quente e úmido e a circulação de diferentes sorotipos do vírus. Além disso, a baixa imunidade natural da população, resultado de uma redução nos casos em anos anteriores, contribui para o aumento da vulnerabilidade, sobretudo em regiões historicamente afetadas.
Desta forma, a vacinação contra a dengue, recentemente aprovada no Brasil, pode ser uma aliada importante para proteger crianças e adolescentes. O pediatra Claudio Ortega, de Niterói, explica como combinar a imunização com outras medidas de prevenção e alerta para a importância de redobrar os cuidados diante dessas projeções.
Vacinação: uma medida contra formas graves da doença
A vacinação contra a dengue no Brasil conta com duas opções principais: a vacina Qdenga, disponível tanto no SUS quanto na rede privada, e a Dengvaxia, restrita ao mercado privado. A Qdenga é indicada para pessoas de 4 a 60 anos, sendo oferecida pelo SUS para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos como prioridade inicial, devido ao alto índice de hospitalizações destenesse grupo. Essa vacina é segura para quem já teve dengue e também para quem nunca foi infectado, sendo administrada em duas doses com intervalo de três meses. Já a Dengvaxia, indicada para indivíduos de 6 a 45 anos, requer comprovação de infecção prévia pelo vírus, pois seu uso em pessoas sem histórico de dengue pode aumentar o risco de formas graves da doença. Além disso, precisa ser aplicada com intervalo de seis meses entre elas. "Antes de optar pela vacinação, é fundamental conversar com o pediatra para avaliar qual a melhor escolha para cada caso e garantir proteção segura contra a dengue", orienta o pediatra Claudio Ortega, que complementa: “Vale lembrar que ambas as vacinas são contraindicadas para crianças imunodeprimidas”.
O pediatra também reforça que a vacina não elimina a necessidade de outras práticas preventivas, como o controle de criadouros. "Ainda dependemos de ações diárias para conter o mosquito Aedes aegypti. A vacina é um reforço, não uma substituição."
Medidas preventivas que salvam vidas
Além da vacinação, Ortega destaca cuidados indispensáveis para proteger a família da dengue:
- Eliminação de focos: inspecionar semanalmente locais queonde água parada podem acumular água parada, como caixas d’água, pneus, garrafas e pratinhos de plantas, é fundamental. "Cerca de 90% dos criadouros estão em áreas residenciais", alerta o pediatra;
- Repelentes e roupas apropriadas: usar repelentes adequados para crianças e priorizar roupas que cubram a pele ajudam a prevenir picadas do mosquito. "Repelentes devem ser reaplicados conforme a orientação do produto, especialmente em dias de muito calor";
- Atenção aos sinais de alerta: febre alta, dores musculares intensas, manchas vermelhas na pele e sangramentos podem indicar dengue. "O acompanhamento médico rápido e a hidratação adequada são fundamentais nesses casos", enfatiza Ortega.
O pediatra destaca, ainda, sobre a importância de educar crianças e adolescentes para que eles participem das ações preventivas em casa e na escola. "Quando eles entendem o impacto de pequenos cuidados, como evitar água acumulada, se tornam multiplicadores dessa mensagem e ajudam a comunidade como um todo".
Diante das projeções para 2025, Ortega reforça também a necessidade de vigilância constante. "A dengue é uma doença que exige compromisso de todos. Vacinar, eliminar criadouros e prestar atenção aos sintomas iniciais são medidas que podem salvar vidas", conclui.
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