Por adriano.araujo, adriano.araujo
Rio - Na primeira reunião do Gabinete Integrado da Baixada Fluminense, que contou com a presença do governador Sérgio Cabral, prefeitos das cidades do Estado atingidas pela forte chuva, além do ministro da Integração Nacional, Francisco Teixeira, e do Secretário Nacional de Defesa Civil, general Adriano Pereira Júnior, foi discutida a criação de uma patrulha Temporária Emergencial para a atuação nas áreas afetadas pelos temporais. O encontro ocorreu nesta sexta-feira no Centro Integrado de Comando e Controle, no Centro.

Com o uso de máquinas e pessoal, as patrulhas fariam o trabalho de limpeza nas áreas destruídas, dando um suporte ao trabalho já realizado pela Defesa Civil, de acordo com Sergio Cabral. A proposta foi feita pelo prefeito de Duque de Caxias, Alexandre Cardoso, e foi apresentada ao ministro da Integração Nacional e secretário Nacional de Defesa Civil. 

Autoridades discutem soluções para ajudar cidades atingidas por chuvasShana Reis / Divulgação

O vice-governador do Estado, Luiz Fernando Pezão, explicou que a patrulha emergencial, se aprovada em Brasília, funcionaria sempre durante os quatro meses que compreendem o período de chuvas mais intensas (dezembro a março), e teria um custo médio de R$ 700 mil para cada um dos oito municípios da Baixada. A verba seria liberada pelo Ministério da Integração Nacional.

Caso seja aprovado, a ideia é que os equipamentos sejam alugados - em função do caráter temporário das patrulhas. O custo excedente aos R$ 700 mil em cada município seria assumido pelo governo do Estado.

Mercado ficou alagado no bairro Fazenda BotafogoAlexandre Brum / Agência O Dia

A reunião continuou no início da tarde, mas sem a presença de Cabral e de Francisco Teixeira. Oito prefeitos da Baixada, o vice-governador, Luiz Fernando Pezão, e o chefe da Casa Civil da Prefeitura do Rio, Pedro Paulo Carvalho, permanecem no  CICC e discutem pautas como o trabalho de desassoreamento de rios, a realização de obras estruturantes e aplicação do programa da compra assistida ou de indenização aos moradores que devem ser retirados de área de risco.

O projeto, que integra o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), está sendo executado em três fases. A primeira já foi concluída e a segunda, que tem recursos garantidos, deve ser iniciada no início do ano que vem. O governo estadual precisa de R$ 450 milhões para a terceira fase.

Chuva deixa pelo menos 10 mil desalojados ou desabrigados

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Cerca de dez mil pessoas estão desalojadas ou desabrigadas por conta das chuvas nos municípios de Mesquita, Japeri e Nova Iguaçu, todos na Baixada Fluminense. A Secretaria estadual de Assistência Social e Direitos Humanos informou nesta sexta-feira que 2.563 famílias são atendidas, com uma média de quatro pessoas por casa, o que totalizaria 10.252.
Em Nova Iguaçu, um dos municípios mais afestados pelas chuvas, 1.900 famílias são atendidas em 36 pontos de apoio, sendo sete no abrigo em Vila Cava. Outras 40 estão no abrigo em Comendador Soares.
Lixo amontoado nas ruas de Fazenda Botafogo%2C na Zona Norte%2C um dos mais atingidos pela chuvaAlexandre Brum / Agência O Dia

Em Mesquita, 486 famílias estão sendo atendidas em três pontos de apoio desde quarta-feira. Em Japeri, 125 famílias são atendidas em pontos de apoio diariamente, sendo que cinco delas estão abrigadas na creche do bairro São Sebastião.

Ainda de acordo com a secretaria, os números de mortos e total de pessoas afetadas pelas chuvas serão divulgados pela Defesa Civil. Segundo a secretaria, para a concessão do aluguel social, a renda familiar total não pode ultrapassar o valor correspondente a cinco salários mínimos e é preciso apresentar laudo de emitido pela Defesa Civil Municipal.

Cidade foi uma das mais atingidas pelo temporalAlexandre Vieira / Agência O Dia

Para o cadastramento, as famílias precisam apresentar os seguintes documentos: Identidade (original e cópia); CPF (original e cópia); Comprovante de residência (do imóvel afetado); Laudo da Defesa Civil; Bolsa Família (caso seja cadastrado no programa); Sumário Social (cadastro realizado pela secretaria Municipal de Assistência Social).

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Pontos de recebimento de donativos:
Rio de Janeiro:
Abrigo Cristo Redentor - Avenida dos Democráticos, 1090, em Bonsucesso. Ao lado da 21ª D.P.
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Nova Iguaçu:
Rua Dr. Luis Guimarães, 956 – Centro (Antiga Rua 13 de maio).
Queimados:
Centro Esportivo Vila Pacaembu
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Japeri:
Escola Municipal Bernardino de Melo – Estrada de Sanato Antonio (à direita do banco Itaú).
Os itens mais necessários são: água potável, colchonetes, alimentos não perecíveis, roupa de cama, mesa e banho, fraldas tamanhos P, M, G e geriátricas.
Trecho sobre rio da RJ-230%2C em Bom Jesus de Itabapoana%2C desabou%2C interrompendo a passagem de veículosCarlos Grevi / Ururau / Agência O Dia

Estrada é partida e carros são arrastados em Bom Jesus

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Com ruas alagadas, estradas partidas e gente desaparecida, moradores de cidades do Noroeste Fluminense temem pela previsão de mais chuvas para esta sexta-feira, mesmo que em menor intensidade. É que a vida está longe de voltar ao normal para muita gente. A região foi a mais afetada do interior do estado e está em situação de alerta máximo, segundo o monitoramento de cheias do Instituto Estadual de Ambiente (Inea).
Em Bom Jesus do Itabapoana, no Noroeste, um trecho da estrada RJ-230 (Porciúncula-Campos) desabou no fim da tarde de quarta-feira, fazendo com que carros fossem levados pela correnteza. Uma pessoa morreu, um homem conseguiu se salvar e um adolescente ainda está desaparecido. O grupo voltava de um passeio do Distrito de Rosal.
Enchente deixou uma pessoa morta em Bom Jesus de ItabapoanaCarlos Grevi / Ururau / Agência O Dia

Reinaldo Nunes de Souza, 27 anos, que dirigia um Golf amarelo, foi encontrado morto por agentes do Corpo de Bombeiros às 6h de ontem. Amigos da vítima, os irmãos Edson Zano Jacobino Junior, 24, e João Pedro Jacobino Junior, 15, estavam em uma Saveiro branca e também foram arrastados. Edson conseguiu nadar e foi levado para o Hospital de Itaperuna. João Pedro continua desaparecido e a correnteza dificulta as buscas.

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Altacir de Souza, tio de Reinaldo, afirma que a fatalidade é uma ‘ironia do destino’. “Há 10 anos o trecho era uma ponte de madeira e isso nunca aconteceu. Justo agora, com o local aterrado, uma fatalidade acontece”, lamenta. Ele conta que ônibus escolar havia passado pelo trecho minutos antes do acidente. “A tragédia podia ser maior”, disse.
Vila de casas desabou no bairro Carmari%2C em Nova IguaçuAlexandre Vieira / Agência O Dia

De acordo com Alexandre Alcântara, secretário de Defesa Civil de Bom Jesus de Bom Jesus do Itabapoana, “o trecho era protegido por uma manilha de cinco metros de diâmetro, mas, mesmo assim, a força das águas foi tão forte que a estrutura não aguentou”. O secretário disse que as famílias desabrigadas estão sendo levadas para a Escola Anacleto José Borges. Os familiares das vítimas acompanham de perto o trabalho dos bombeiros nas buscas.

De São Gonçalo a Itaperuna, muita água
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O temporal também fez com que os municípios de Itaperuna e Porciúncula sofressem estragos. Em Porciúncula, cerca de oito famílias estão desabrigadas e um bairro foi inundado. No município de Itaperuna, dezenas de famílias estão ilhadas e cinco estão desabrigadas. As maiores preocupações são os deslizamentos nas áreas de encosta, sobretudo se forem confirmadas as previsões de chuva para os próximos dias. O Rio Muriaé permanece a 20 cm da cota de transbordamento. Várias ruas têm pontos de alagamento.

Em São Gonçalo, cerca de 90 funcionários do Departamento de Conservação e Obras limparam ruas e desobstruíram bueiros. O secretário de Infraestrutura, Antônio José Sobrinho, pediu à população que não jogasse lixo na rua. “Estamos fazendo um mutirão na cidade para evitar enchentes”, disse. Em Petrópolis, das 35 ocorrências registradas entre quarta e quinta-feira, 70% já foram atendidas. No bairro de Independência, uma moradia está interditada — os moradores foram levados para a casa de parentes.

Homem morreu e jovem está desaparecido após ponte ser arrastada%2C em Bom Jesus de ItabapoanaCarlos Grevi / Ururau / Agência O Dia

Estado de alerta em várias cidades

Choveu fraco e poucas ocorrências foram realizadas na maior parte dos municípios do Rio, durante todo o dia desta quinta-feira. Mesmo assim, autoridades mantiveram estado de alerta, sobretudo no fim da tarde.
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Em Macaé, no Norte Fluminense, a Defesa Civil implantou uma base com cinco equipes técnicas para atender às chamadas de emergência da população na Praça Washington Luiz, no Centro. Já são 116 desabrigados. O órgão segue monitorando 15 casas, sendo sete no Morro de Santana.
Já em Varre-Sai, Noroeste Fluminense, pelo menos 100 pessoas estão desalojadas, vivendo em casas de parentes e amigos. Duas casas foram destruídas após deslizamento de terra e cinco estão comprometidas.