Rio - As ruas tranquilas e arborizadas de um bairro que se tornou centenário no último dia 15 ganharam proteção definitiva para preservar a sua essência. A prefeitura decretou ontem a criação da Área de Especial Interesse do Ambiente Cultural (APAC) do Grajaú, para conservar seu conjunto urbanístico.
Após estudos, o Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH) delimitou uma área de proteção com 817 mil metros quadrados e tombou 12 imóveis de importância histórica na região. Mais de 500 construções remanescentes dos diversos períodos de ocupação do bairro foram preservadas para a manutenção dos seus valores culturais, paisagísticos e arquitetônicos.
A partir de agora, todas as licenças de obras executadas nos imóveis e espaços públicos dentro do limite da APAC deverão ser aprovadas pelo instituto. O decreto também estabeleceu limites de gabarito para as novas construções e acréscimos em imóveis na área. Toda intervenção que interferir no conjunto arbóreo deverá ser autorizada, e a colocação de letreiros, anúncios publicitários e toldos na área também precisará ser aprovada.
Entre os imóveis tombados pelo decreto, estão a Capela de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, dois caramanchões da Praça Edmundo Rêgo e a Escola Municipal Duque de Caxias, na Rua Marechal Jofre, 74. “O Grajaú é um bairro centenário, e muito importante para a história do Rio de Janeiro. É um patrimônio cultural da nossa cidade e merece ser protegido”, destacou Washington Fajardo, presidente do IRPH.
Morador diz que não houve consulta
Segundo Lupércio Ramos, presidente da Associação de Moradores do Grajaú, o decreto da prefeitura está dividindo opiniões. “Existe uma certa resistência porque não fomos avisados de nada. A parte de construções urbanas recebeu mais atenção, mas acreditamos que áreas naturais deveriam ser prioridade”, disse.