Rio - A noite violenta de terça-feira era o assunto que dominava as rodas de conversa entre amigos e vizinhos, ontem, em Niterói. O arrastão que começou em São Domingos e terminou em São Francisco teve cinco feridos a tiros, dois deles por balas perdidas. Os quatro bandidos foram presos pela PM, sendo que três deles acabaram atingidos por disparos.
A reportagem do DIA percorreu ontem à tarde cinco bairros da cidade (São Domingos, Boa Viagem, Ingá, Icaraí e São Francisco), no mesmo trajeto de cinco quilômetros feito por bandidos e policiais na perseguição, e só avistou apenas um carro da PM, baseado próximo a prédio onde, segundo moradores, reside o desembargador do Tribunal de Justiça, Luiz Zveiter.
Na orla, a única cabine da PM estava fechada e vazia. Apenas um grupo de quatro guardas municipais foi visto perto desse local. A corporação afirmou que reforçou o patrulhamento na região.
“Só vi aumento de policiamento pela manhã, e foi pouco. Essa viatura da PM sempre fica aqui. Só posso caminhar antes de anoitecer, pois, depois das UPPs no Rio, Niterói ficou à mercê dos bandidos”, disse o advogado Tarcísio Mendonça, de 43 anos, morador de Icaraí.
E o temor dos moradores se justifica. De acordo com o Instituto de Segurança Pública (ISP), houve aumento nos casos de roubo a pedestres. Em junho do ano passado, foram 235 registros. No mesmo mês deste ano, 337: um aumento de 43,4%. O arrastão começou em frente ao Espaço Convés, local de grande concentração de universitários em São Domingos. No endereço, estava marcado um debate com um vereador.
Em nota, a PM informou que, de acordo com o 12º BPM (Niterói), em maio deste ano, a cidade ganhou mais uma Companhia Destacada, o que reduziu os índices de violência, como o roubo de veículos, por exemplo.
O texto diz ainda que o policiamento segue intensificado e conta com o apoio de PMs no Regime Adicional de Serviço (RAS). O patrulhamento em Icaraí é realizado com o apoio de viaturas, que ficam baseadas de acordo com a mancha criminal, principalmente nos horários de maior movimento. “Este cerco montado pela PM diariamente no bairro resultou na prisão dos quatro suspeitos após perseguição”, registrou a PM.
‘Sensação de insegurança é grande’
Dono do Espaço Convés, no bairro São Domingos, onde criminosos roubaram mais de dez estudantes universitários, Adenor Guimarães, de 55, garantiu que, após a noite de pânico, vai instalar três câmeras externas e reforçar a segurança particular no local.
“Já tenho cinco câmeras internas, mas tenho que me preocupar, pois a sensação de insegurança é grande na cidade. Estava na hora do assalto, e um dos criminosos queria matar uma vítima, por achar que o rapaz era PM”.
Estudantes do campus da Universidade Federal Fluminense (UFF) que fica perto da Cantareira, o casal de namorados Hugo Silva, de 20, e Isis Acioly, de 22, adotaram nova tática para não serem vítimas de assaltantes: sair da faculdade em grupo é uma das ações.
“Enquanto não reforçam a segurança, temos que nos virar. Temos feito uma carona solidária, onde saímos num mesmo carro, em grupo, e nunca após às 20h. Minha namorada já foi assaltada”, contou Hugo, estudante do curso de especialização em Segurança Pública.