Por felipe.martins

Rio - Um bebê de três meses atropelado e morto, uma mãe com ferimentos graves e uma família dilacerada pelo impacto de um ônibus que circulava pela contramão diariamente. O crime foi confessado pelo próprio motorista Marcelo de Araújo, de 38 anos, ao descrever o que se passou na manhã de terça-feira, em Cordovil.

Arthur Meira%2C de três meses%3A vida interrompida pela imprudência Reprodução

Em depoimento na 38ª DP (Irajá), o motorista afirmou que todos os dias infringia o sentido correto da Avenida Bulhões de Marechal, em Cordovil, para fugir do congestionamento. Às 6h50 de terça-feira a infração abreviou a vida do pequeno Arthur da Silva Meira, arremessado a 16 metros de distância com o choque.

De acordo com o tio do bebê, Luiz Henrique da Silva, a família saiu de casa pouco depois das 6h em direção a um posto de saúde, onde o pequeno tomaria vacina. “Cheguei a ver o ônibus vindo pela contramão, desgovernado. Ele invadiu a calçada e por pouco não me atingiu.

Minha irmã foi pega em cheio. Meu sobrinho, no colo dela, foi parar a quase 20 metros de distância”, disse em lágrimas. Inconsolável, o pai do bebê, Vítor Santos, mostrava a tatuagem feita na última semana com o nome do filho. “Saí de casa pela manhã, dei um último beijo nele, e falei como se ele pudesse entender: ‘Papai volta mais tarde’”, disse ele, que sepultará o filho hoje, no Cemitério do Irajá.

O motorista foi preso em flagrante por homicídio e lesão corporal culposa. Patrícia foi submetida a cirurgias na bacia e no maxilar e se encontra na UTI do Hospital Getúlio Vargas, na Penha.

Motorista culpa prefeitura por mudanças no trânsito

Na delegacia, a esposa do motorista, Laís Araújo, chorava ao vê-lo preso. “Ele confessou ao delegado que realizava o mesmo itinerário diariamente, quando ia da garagem, em Cordovil, até o ponto, na Penha. Ele se confundiu com as recentes modificações feitas por conta de obras”, disse. A Polícia Civil informou já ter ouvido testemunhas e ter solicitado imagens de segurança da região.

Laís Araújo%2C mulher do motorista%3A ‘Meu marido se confundiu’Paulo Araújo / Agência O Dia

No local, há uma contradição: uma placa indica ser necessário o retono, mas a marcação na via induz à mão dupla. O coletivo se encontrava com vistoria vencida desde 2013. A empresa City Rio, responsável pelo ônibus se prontificou a custear as despesas médicas da família.


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