Temos absoluta confiança nos princípios e objetivos colocados no programa de governo pelo prefeito eleito e a convicção que a nova gestão resgatará o orgulho de viver na cidade.
Reconhecemos que o novo gestor receberá o município em condições completamente diferentes das anteriores e extremamente preocupantes. Por outro lado, vimos e ouvimos durante a campanha o prefeito eleito reafirmar sua firme posição de repúdio ao tema da “insegurança jurídica”, que permeava a gestão atual, como por exemplo quando o foi questionado sobre as medidas adotadas com relação ao pedágio da Linha Amarela.
No seu programa de governo a segurança jurídica é abordada de diversas maneiras. No entanto, entre os 12 objetivos centrais do novo governo dois refletem perfeitamente a posição do prefeito eleito:
1) “Estabelecer elevados padrões de ética e transparência nas decisões e contratos da prefeitura a partir de convênios com o Ministério Público, com o Tribunal de Contas e com instituições independentes como a Transparência Internacional”.
2) “Garantir que o cumprimento do programa de governo, apresentado na campanha eleitoral, seja tratado com prioridade máxima do governo ao longo de todo o mandato”.
Padrões de Ética significam respeito aos contratos firmados pelo município, independentemente de qual a autoridade ocupe o cargo no momento.
Existem no nosso setor temas extremamente sensíveis e que no momento vêm sendo objeto de grande exposição na mídia, como a questão dos “restos a pagar”, ou seja, responsabilidade sobre dívidas deixadas pelo governo, que terminou o mandato, e são passadas para quem está assumindo. Nessa situação, sempre saem prejudicadas as empresas que prestaram serviços e deveriam estar recebendo como determina a lei 8.666/93, que rege as Licitações e Contratos.
É importante lembrar que ao fornecerem para os governos, as empresas assumem compromissos com fornecedores, operários e também compram equipamentos. Além disto, para emitirem as faturas eles pagam impostos e, se isso ocorrer no último ano do mandato, a possibilidade de dívida se tornar restos a pagar é brutal.
Existem preceitos na Lei que deveriam ser respeitados, como a ordem cronológica de pagamentos, isto é, as faturas devem ser pagas seguindo a ordem que foram apresentadas. Querer obter descontos para pagar essas dívidas, a não ser em casos excepcionais previstos em leis, fere o direito constitucionalmente garantido ao credor, na medida em que agride também pilares do direito administrativo, como os princípios da segurança jurídica e da impessoalidade, além do locupletamento ilícito da administração.
O setor da construção de obras públicas no Rio de Janeiro vem sofrendo um brutal empobrecimento e vê sempre as mesmas práticas serem repetidas.
A AEERJ, entidade que possui um dos mais rígidos Códigos de Ética e Compliance do setor da construção, se coloca à disposição das autoridades para, em conjunto, analisar a solução que melhor possa atender a ambas as partes.
*É presidente-executivo da Associação das Empresas de Engenharia do Rio de Janeiro (AEERJ)