Isa Colli é jornalista e escritora Divulgação

Todo novo ano renovamos a esperança em dias melhores, com a população tendo seus direitos garantidos. Na Educação, a luta será intensa. A área ainda sofre os efeitos dos cortes de verbas realizados no apagar das luzes da gestão do ex-presidente Bolsonaro. Foi uma medida revoltante e tenho a certeza de que esse sentimento é o mesmo no coração de todo cidadão que luta pelo ensino de qualidade no país.
Somente em 2022 foram cinco cortes no orçamento. O último bloqueou R$ 344 milhões e trouxe consequências terríveis porque atingiu alunos de baixa renda de universidades públicas e institutos, que dependem de bolsas de estudo. Além disso, o bloqueio de verbas comprometeu o funcionamento das instituições porque faltaram recursos até para o pagamento de contas de água e luz.
Na Educação básica, o quadro também é dramático diante da menor previsão orçamentária dos últimos 13 anos. Com isso, as escolas correm o risco de não receber livros didáticos antes do início do ano letivo.
O deputado federal Rogério Correia (PT-MG) chamou a atenção, no final do ano passado, para o fato de o governo Bolsonaro ter reduzido em 96,6% as dotações orçamentárias da educação infantil para 2023. O parlamentar alertou: “Se não houver reversão, o prejuízo será desastroso ao conjunto da sociedade, inviabilizando o desenvolvimento educacional das crianças brasileiras matriculadas na educação pública".

Além de todos os cortes, a Educação pública terá, ainda, de superar problemas causados pela pandemia. Um dos mais graves é a evasão escolar. De acordo com pesquisa C6 Bank/Datafolha, quatro milhões de estudantes brasileiros com idades entre seis e 34 anos abandonaram os estudos em 2020, ano impactado pelo isolamento social. Muitos alunos acabaram não retornando para a escola.
Conversei com algumas educadoras, que apontam os motivos mais variados para essa evasão, entre eles, necessidade de trabalhar para ajudar no sustento de casa e há até mesmo os que foram recrutados pelo tráfico de drogas nas comunidades onde moram, lamentavelmente. É preciso que seja feito um rastreamento severo para trazer essas crianças de volta à sala de aula.
E será necessário olhar também para os que não desistiram de estudar, mas ainda sofrem com as perdas no aprendizado ocorridas no auge da pandemia. Naquele momento, a tecnologia foi a principal barreira, já que a maioria dos alunos carentes não tinha acesso à internet para acompanhar as aulas remotas.
Agora, é justamente a tecnologia que pode ajudar a recuperar esse déficit. Segundo especialistas, o caminho é aproveitar o que aprendemos de bom com as aulas virtuais para usar a favor das crianças que estão em defasagem. Para que isso se torne possível nas escolas públicas, no entanto, o acesso à internet deverá ser de fato universalizado.
Em 2021, o Congresso aprovou a Lei da Conectividade, que assegura acesso à Internet, com fins educacionais, a alunos e professores da educação pública, por meio do repasse de R$ 3,5 bilhões aos estados e municipios. Mas aí eu pergunto: será que esse dinheiro chegará às escolas?

Já defendia o mestre Paulo Freire - "A Educação é um ato de amor, por isso, um ato de coragem. É o que precisamos neste momento para vencer tantas adversidades: amor e coragem".
Isa Colli é jornalista e escritora