Marcos Espíndola - advogado criminalistaDivulgação

O Rio de Janeiro é uma verdadeira contradição. É um dos lugares mais admirado no mundo, mas, ao mesmo tempo, caminha para o caos generalizado. A omissão do poder público nos variados setores vem fazendo ao longo de anos com que a cidade se torne numa terra sem lei, sem fiscalização, sem segurança, entre outras carências.
Uma desordem agravada pela pandemia, mas, principalmente, por péssimas gestões, o que fez com que a criminalidade avançasse, com narcotraficantes e grupos milicianos. A desordem carioca está instaurada.
Como exemplo, basta falarmos sobre o trânsito, no qual o desrespeito é notório. Carros e motos não respeitam os sinais. As tais motos elétricas invadem calçadas e ciclovias sem qualquer pudor. Por falar em ciclovia, a mais emblemática, a Tim Maia, na Av. Niemayer e há anos interditada, se tornou local de inseguro e de assaltos.
O transporte público é outro triste exemplo. Coletivos sucateados, superlotados e estações depredadas. Não é incomum ver jovens pendurados e trafegando em cima dos BRTs. Não há fiscalização séria, inclusive em relação aos trens. Todos os dias são identificados problemas em algum ramal, com vagões parados e a população caminhando sobre os trilhos.
Na Saúde, a precariedade mal trata o cidadão dependente da Saúde pública. Unidades sem insumos, sem profissionais, equipamentos e até do essencial: médicos. Quando falamos de Educação, o ano letivo mal começou e já há queixas em diversas creches públicas por falta de professores ou alunos sem vagas, inviabilizando sua frequência e contribuindo para a evasão escolar.
Todo esse contexto contribui diretamente para a tamanha insegurança que estamos vivendo. A guerra entre as facções criminosas e milícias assombra a realidade de moradores de diversos bairros, como na Zona Oeste, região que parece praça de guerra. O mesmo acontece na Zona Norte, como ocorreu no bairro do Jardim América quando vândalos saquearam o comércio e impuseram toque de recolher.
Como sempre alertamos, no meio desse fogo cruzado fica a população, o cidadão que pouco a pouco perde o seu direito de ir e vir. Até mesmo nossa polícia se vê vulnerável ao enfrentar um poderio bélico bem maior do que possui. Enfim, vivemos uma guerra, na qual o Poder constituído, por negligência e apatia, perde espaço a cada dia, o mesmo espaço que vem sendo ocupado pelo poder paralelo e tornando o Rio numa cidade sem lei.
Marcos Espínola é advogado criminalista e especialista em segurança pública