Luís Cláudio Souza Leão, presidente do Instituto Coalizão RioDivulgação

As últimas eleições para o Governo do Rio de Janeiro evidenciaram a escassez de quadros minimamente competitivos do Partido dos Trabalhadores. O lançamento da desconhecida Márcia Tiburi foi o ápice da derrocada petista no estado, que, desde os tempos de Benedita da Silva, não possui candidatos capazes de brigar pelo governo estadual ou pela prefeitura da capital fluminense.
A tentativa de emplacar o vice de Eduardo Paes evidencia ainda mais o fracasso do PT, que, sem capital político, joga todas as suas fichas na chapa do atual prefeito do Rio, tentando prever um futuro dos sonhos, no qual Paes trocaria o Palácio da Cidade pelo Guanabara, deixando a cidade nas mãos dos petistas.
Ocorre que Paes não abre mão do controle da capital e de uma chapa ‘puro-sangue’, com o deputado federal Pedro Paulo (PSD-RJ) como vice. A ideia é garantir sua permanência ou influência no poder, caso desista de concorrer ao governo do estado ou não saia vitorioso das eleições de 2026. O raciocínio do atual prefeito é muito simples: que nome tem o PT para ir a um eventual segundo turno? Que escolha tem o PT a não ser apoiá-lo? O partido vai preferir seguir com Tarcísio Motta e o PSOL? Em seu cálculo político, Paes não acredita que Tarcísio consiga desbancar o bolsonarismo no Rio e ir a um segundo turno contra ele. Dudu aposta que o apoio do PT virá de um jeito ou de outro, como por força da gravitacional.
Dentre os poucos quadros relevantes que o PT ainda possui, um deles se apresenta como político moderado, conciliador e eleitoralmente promissor: André Ceciliano. Ele saiu da minúscula Paracambi para se tornar presidente da Alerj durante o pior momento do partido em nível nacional. Mais do que isso: enfrentou o desafio de liderar o parlamento em um dos piores momentos da história do governo estadual, numa crise financeira profunda, sem dinheiro sequer para o pagamento de servidores. André enfrentou uma eleição disputada ao Senado, com uma esquerda fragmentada, e somou um milhão de votos. Ceciliano representa a reconstrução do PT no Rio, sob um viés de equilíbrio, respeito e desenvolvimentista, justamente num momento em que o partido não tem quadros ou bandeiras no estado.
O Partido dos Trabalhadores precisa de uma candidatura própria na capital, capaz de imprimir uma cara progressista, mais distante das agendas identitárias, que arrasaram a esquerda pela Europa e fortaleceram a agenda bolsonarista no Brasil. Católico, progressista e conciliador, Ceciliano é hoje um dos poucos nomes do PT com voto e capazes de agregar capital político em uma candidatura na capital. Disputa essa necessária à sobrevivência do partido e para provar ao prefeito Eduardo Paes que o PT ainda está muito vivo no Rio.