Como botafoguense, sempre me emociono ao lembrar de Garrincha, o maior ídolo do nosso time. Sua história é cheia de momentos especiais, e um deles aconteceu na Copa de 1958. Durante a preleção para o jogo contra a União Soviética, o técnico da seleção brasileira, Vicente Feola, deu uma longa lista de orientações técnicas, como quem deveria marcar quem e quem recuava para o outro avançar. Tudo parecia meticulosamente planejado. Foi então que Garrincha, com sua simplicidade genial, fez a lendária pergunta: “o senhor combinou com os russos?” Com essa frase, Garrincha lembrou a todos que, mais do que táticas, o futebol é jogado com o coração e a criatividade.
Situação parecida com o atual cenário político do Rio de Janeiro, cada vez mais agitado com a proximidade das eleições municipais. Eduardo Paes, que está em seu terceiro mandato, está de volta à corrida eleitoral. Desta vez, a estratégia por trás dessa escolha é clara: caso seja reeleito, Paes deixará o cargo em até um ano e meio para disputar a eleição para governador ou para ser vice do presidente Lula. Nos dois casos, o vice-prefeito assumiria. Não é justo com os cariocas que o futuro do Rio de Janeiro seja determinado por estratégias políticas e não pelo compromisso com a população.
O que se percebe é uma articulação política intensa, visando não apenas a eleição municipal, mas também o pleito de 2026. Estão costurando alianças e estratégias para as eleições de governador, senador e deputados, como se a reeleição de Paes fosse fato consumado.
Até inventaram o advento das prévias para a indicação do vice-prefeito. Deixaram diversas secretarias e órgãos da Prefeitura sem seus titulares para provocar uma disputa pela vice e partidos históricos estão tentando equilibrar o desejo da indicação com seus cargos. Tudo em nome da eleição! Enquanto isso, o debate de propostas segue esquecido.
Essa movimentação política, antecipada e distante da vontade popular, ignora que o verdadeiro protagonista do processo democrático é o cidadão. A falta de transparência e o planejamento feito nos bastidores destacam uma desconexão entre os políticos e as necessidades reais da população, que espera ser ouvida e considerada nas decisões que moldam o futuro da cidade, do estado e do país. A cidade do Rio de Janeiro merece mais do que isso. Merece um debate sério, baseado em novas ideias, novas propostas, novos ares.
A pergunta que fica é: combinaram isso tudo com o eleitor do Rio de Janeiro?
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