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Danilo Costa: O real panorama do trabalho no Brasil
Sem dúvida, o Brasil registrou avanços no mercado de trabalho. As estatísticas oficiais mostram que a ocupação aumentou e a renda média dos trabalhadores também cresceu.
A taxa de desocupação de 6,6% em 2024 é a menor da série histórica. No entanto, esse índice ainda representa o expressivo contingente de 7,4 milhões de pessoas sem trabalho. É importante ressaltar ainda que estamos falando de ocupação/desocupação, o que é diferente de emprego/desemprego!
Apesar dos avanços, desafios estruturais persistem. Os dados revelam que, em muitos casos, o aumento da ocupação ocorreu sob condições precárias. O número de empregados sem carteira assinada no setor privado cresceu 6,0% em 2024, totalizando 14,2 milhões de pessoas.
A informalidade segue elevada. Somando os trabalhadores sem carteira assinada e os trabalhadores por conta própria que não possuem sequer o MEI, a conta alcança 40 milhões de pessoas. Sem acesso a direitos como seguro-desemprego e previdência, esses profissionais permanecem completamente vulneráveis.
Outro ponto crítico é a subutilização da força de trabalho, que atinge cerca de 19 milhões de brasileiros. São pessoas que, apesar de disponíveis, trabalham menos horas do que gostariam e, consequentemente, têm uma renda insuficiente. Além disso, a população desalentada — aqueles que desistiram de procurar emprego por não acreditarem que conseguirão uma vaga — soma 3,3 milhões de pessoas.
Os serviços por aplicativos, como transporte, entrega e alimentação, dentro da chamada "gig economy", tornaram-se essenciais para a renda de muitas famílias — muitas vezes sendo a única alternativa para diversos trabalhadores. No entanto, esses profissionais seguem sem proteção legal e social. Sem qualquer rede de segurança, um adoecimento ou acidente pode rapidamente lançá-los em uma situação financeira e social crítica.
O Brasil precisa avançar na redução da informalidade e da desigualdade. Políticas públicas voltadas à formalização, qualificação profissional e fortalecimento de setores econômicos são fundamentais para garantir um crescimento sustentável e inclusivo.
Embora os avanços sejam inegáveis, o desafio agora é consolidar um mercado de trabalho mais equilibrado e justo, onde crescimento econômico e proteção social caminhem juntos.
Danilo Costa é Diretor Executivo do Grupo Cultural AfroReggae e membro do Conselho de Administração da AfroReggae Audiovisual S/A
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