Rubens Bomtempo, candidato a prefeito de PetrópolisFoto: Divulgação

Petrópolis - Nesta reta final das Eleições Municipais 2024, O Dia realiza uma série de entrevistas com os candidatos a prefeito, buscando esclarecer as propostas dos prefeitáveis para que os eleitores tenham mais condições de reunir informações na hora de escolher o voto.
Nesta sexta-feira (4), o entrevistado é Rubens Bomtempo (PSB), candidato à reeleição em Petrópolis. Além de ter sido eleito em 2020, Bomtempo já havia ocupado o cargo em outros três mandatos. Em 2000, foi eleito pela primeira vez no município, sendo reeleito em 2004, ainda no primeiro turno. Em 2012, voltou a vencer as eleições para prefeito na cidade, ocupando a cadeira entre 2013 e 2016. Antes do atual mandato, Rubens atuou como deputado estadual, após ter conquistado 23.670 votos. Além disso, também foi vereador do município entre 1997 e 2000.
O DIA - É o único candidato que já tem experiência no cargo, sendo inclusive o atual prefeito. Como acredita que isso possa te beneficiar na disputa?

Rubens Bomtempo - "Governar Petrópolis é um desafio. Me honra ter sido escolhido pela maioria da população por quatro vezes. Na atual gestão, fui vítima de uma grande injustiça que me tirou um ano de mandato. Assumimos a Prefeitura a caminho da falência e despreparada para as chuvas de verão e enfrentamos a pior tragédia da história. Em vez de reclamar, trabalhamos muito e hoje posso dizer que reconstruímos Petrópolis em todas as áreas. É só andar pelo Alto da Serra e ver que o cenário é outro: tem obra no Morro da Oficina, Vila Felipe, Chácara Flora, Sargento Boening e Travessa Goitacazes. Em dois anos e meio, fizemos muito mais do que nos cinco anos anteriores. Tiramos Petrópolis do abandono deixado pelo time do retrocesso. Petrópolis hoje tem mais de 200 grandes obras; a maior nota da história do IDEB; a Petro Ita e a Cascatinha não operam mais e o Hospital Alcides Carneiro voltou a ser motivo de orgulho.

Como eu não deixei o trabalho na prefeitura de lado para fazer campanha, acabei enfrentando questões complexas como a intervenção no transporte público e a luta pelos direitos da nossa cidade bem às vesperas do processo eleitoral, então, diferente do que possa parecer, acredito que o fato de estar no cargo, aumenta ainda mais o desafio.

A vantagem é que, por mais que tenham nos tirado um ano de mandato injustamente, nós conseguimos fazer nesses dois anos e meio o que muitos não fizeram em cinco anos. Eu acredito que não há mentira que vença o trabalho bem feito e compromissado com as famílias da nossa cidade, e essa é a força que me move sempre".

Petrópolis se destaca nacionalmente por conta do turismo, recebendo milhões de pessoas por ano. Quais são os planos para esta área tão importante para o município?

"Quando chegamos, nosso grande palco, o Palácio de Cristal, estava largado: obra parada e até teia de aranha dentro. Recuperamos o Palácio e outros símbolos, como a águia da Praça Visconde de Mauá, a Casa do Colono, a Casa de Santos Dumont e todos os centros culturais dos bairros. Após as chuvas de 2022, retomamos os eventos do nosso calendário e fizemos as maiores Bauernfest da história, atraindo 520 mil pessoas; e apoiamos grandes festivais, como o Rock the Mountain, que traz os maiores nomes da música nacional e atrai turistas e holofotes de todo o país. Pode reparar: toda semana tem uma atração diferente na cidade, que voltou a ficar cheia. Criamos a Flipetrópolis, maior feira literária do Brasil, que, em sua primeira edição, atraiu 37 mil pessoas. O Petrópolis Business é a maior feira de negócios do interior. Nossa ideia para o próximo governo é seguir esse trabalho, melhorando cada vez mais os espaços públicos, diversificando o calendário de eventos e fomentando cada vez mais a nossa rota cervejeira. Aprimorar ainda mais os grandes eventos e atrair empresas, por meio da Lei de Incentivos Fiscais, está no nosso Plano de Governo".

A Educação e a Saúde são fundamentais e precisam de melhorias constantes. Quais os principais problemas que enxerga nestas áreas no município, que não conseguiu solucionar completamente, e os planos que possui para melhorar a situação?

"Sou médico e nunca abri mão de zelar pela saúde da nossa gente, oferecendo serviço de qualidade para quem mais precisa. Assim que assumi o mandato, em janeiro de 2022, encontrei na Saúde um cenário de abandono e descaso. O Hospital Alcides Carneiro estava sujo, com colchões rasgados, comida de péssima qualidade, sem medicamentos, paciente tendo que levar cobertor e acompanhante dormindo em cadeira de plástico... Ver todo esse retrocesso foi de cortar o coração.

Trabalhamos incansavelmente com um time de profissionais comprometidos e hoje, o hospital é motivo de orgulho: tem nova Unidade de Terapia Oncológica, Casa da Gestante, novo mamógrafo, novas ambulâncias e equipamentos. Tem carinho e atenção: colchões e cobertores novos, kit higiene, TVs nos quartos e wi-fi de alta velocidade em todo o hospital, poltrona para acompanhantes. Sem falar na nova brinquedoteca, o projeto Minha Primeira Foto e o Minha Primeira Viagem: agora, a mãe e o bebê vão para casa com transporte gratuito.

Para os próximos quatro anos, vamos criar no HAC o Centro de Traumato-Ortopedia, para desafogar o serviço do Hospital Santa Teresa e ampliar o atendimento dessa especialidade.

O novo padrão de atendimento se estendeu para a rede de atenção básica: inauguramos as UBS do Bairro da Glória, Oswaldo Cruz, Pedro do Rio e Vicenzo Rivetti. Reformamos a UBS do Itamarati e instalamos a Unidade de Saúde da Família do Sargento Boening. No Centro, reconstruímos nova UPA, que agora está mais moderna e equipada. A UPA Cascatinha, que chegou a pegar fogo e virar covidário em anos anteriores à nossa gestão, também foi reformada.

Os distritos da Posse e Pedro do Rio ganharam novas Unidades Pré-Hospitalares do Alcides Carneiro. Secretário e Vale das Videiras receberam bases descentralizadas do SAMU, que também está chegando no Meio da Serra.

Agora, vamos avançar ainda mais, reabrindo a Casa Providência, que será uma extensão do Hospital Alcides Carneiro: mais atendimentos, consultas, exames e cirurgias. É proposta séria que já tem o aval da ministra da Saúde, Nísia Trindade.

A criação de um Centro de Ortopedia em Corrêas, do Complexo de Saúde no Alto da Serra, da Policlínica e da nova UBS para Roseiral e Jardim Salvador, também estão entre nossos planos para cuidar da nossa gente nos próximos quatro anos.

Quando o assunto é a educação, sempre digo que é possível fazer mais. Em pouco mais de 2 anos, aumentamos em 4x o valor que era investido por aluno na gestão interina que nos antecedeu. Agora, a meta é aumentar ainda mais este investimento. No IDEB, Petrópolis saiu de 8º para 2º lugar nos anos iniciais e de 9º para 3º nos anos finais.

Hoje, 62,5% das nossas crianças se alfabetizam na idade correta, e o objetivo é universalizar esse dado. Importante lembrar que o governo interino não investiu nem o mínimo que a Constituição manda e ainda deixou a conta para a nossa gestão pagar. Em 2022, quando assumimos, havia o desafio de retornar às aulas pós-pandemia e resgatar a qualidade do ensino, após a cidade ter despencado no IDEB.

Retomamos a formação e fizemos concurso público com mais de 2.500 profissionais convocados. Hoje não falta professor, mais de 1000 vagas foram abertas em creches, 80% das escolas receberam ações de melhoria. O nosso IDEB é o maior da história nos anos iniciais e Petrópolis é destaque no Estado.

Vamos zerar a fila da Educação Infantil, atualizar o PCCS, manter e ampliar o Vestibular Social e criar a Escola de Formação Permanente dos Professores".
As mudanças climáticas estão impactando todo o planeta e Petrópolis tem um histórico longo de tragédias ambientais. Quais as principais medidas que já tomou nos últimos anos e quais ainda tomará, caso reeleito, para evitar que mais vítimas sejam feitas no município?

"Das 200 grandes obras do nosso governo, mais de 80 são de contenção. O Alto da Serra foi reconstruído: Morro da Oficina, Chácara Flora, Vila Felipe, Sargento Boening, Travessa Goitacazes, entre outros locais. Recuperamos verbas do PAC perdidas pelos governos anteriores com ações na 1º de Maio e a Rua Itália. Fizemos a maior dragagem da história, após cinco anos sem a realização do serviço. Estabelecemos novo sistema de contingência para chuvas: o corredor do Rio Quitandinha tem cancelas acionadas automaticamente, sistema de alerta e alarme e ilhas de segurança. As câmeras do Cimop são abertas para a população ter acesso às condições de cada via, a população tem à disposição um Plano de Resiliência Individual criado pela atual gestão e os Nudecs foram reativados, fortalecendo a cultura de prevenção. O governo interino gastou R$ 217 mil em Defesa Civil e R$ 4,5 milhões com propaganda. A nossa prioridade é outra: o investimento em Defesa Civil aumentou 30 vezes. Vamos seguir com as obras do PAC Encostas e acabar com as cheias do Rio Quitandinha, pelo PAC, com projeto já aprovado pelo Governo Federal".

Ainda neste assunto, a habitação é pauta, já que moradias em áreas de risco acabam sendo frequentemente atingidas durante as tragédias. O que acredita que seja fundamental para reduzir o déficit habitacional no município?

"Apresentamos o projeto sustentável de construção de casas no Vale do Caetitu, em harmonia com o que existe hoje. Vamos viabilizar este projeto e também dar início à construção de residências na Estrada da Saudade, ambos por meio do programa Minha Casa, Minha Vida. A parceria e o bom diálogo com o Governo Federal são fundamentais para garantir essas obras, que exigem grande volume de recursos. Vamos levar para toda a cidade a experiência implantada com sucesso no Morro da Oficina: o Recomeço Seguro. Um programa inédito no Brasil que foi usado para compensar famílias que vivem na parte mais alta da comunidade, e que precisaram ter suas casas demolidas para que as obras de prevenção e reconstrução avançassem, protegendo as partes mais baixas e o BNH do Alto da Serra. Também vamos continuar desinterditando áreas à medida em que as obras de contenção forem sendo concluídas, como está acontecendo em várias regiões do Alto da Serra, garantindo um retorno seguro das famílias às suas residências".

Por ser o prefeito de Petrópolis, alguns planos que possui para a cidade já estão em execução, mas precisam de continuidade. Quais questões mais gostaria de continuar administrando para que pudesse provocar uma melhoria contínua no município?

"Mais do que garantir a continuidade, Petrópolis não pode viver um novo retrocesso. Em 2016, deixamos o governo com a saúde organizada e o Hospital Alcides Carneiro sendo uma referência em atendimento, com qualidade reconhecida pela população. A partir de 2017, as gestões que me sucederam abandonaram o hospital. O mesmo ocorreu com a Educação: a nota do Ideb despencou depois que deixamos a Prefeitura. Outro exemplo é o PAC Encostas: entre 2014 e 2016, executamos 45% do projeto, e os dois prefeitos que me sucederam fizeram apenas 4%. Hoje, observo que o cenário é parecido: o time do retrocesso não tem o menor compromisso com a cidade. Nós somos a certeza de que o aluguel social para mais de 3 mil famílias, as obras de reconstrução e todo o trabalho de recuperação da saúde não vão parar. Nossa cidade não pode cair nas mãos do time do retrocesso, que abandonou os serviços públicos. E também não podemos correr o risco de cair na mão de alguém sem o menor preparo para administrar Petrópolis".

Por qual motivo acredita que seja a melhor escolha e que merece o voto da população petropolitana?

"O voto no 40 é a certeza de que Petrópolis vai seguir avançando. Os outros candidatos geram muitas dúvidas, inclusive sobre quem vai governar de fato. Petrópolis não pode ter uma marionete no comando da Prefeitura. O povo me conhece, com meus erros e acertos, e sabe que, se não fiz tudo, por outro lado, quando estou no governo, a cidade avança, caminha pra frente. O voto no 40 é a certeza de que, assim como entregamos um novo Alcides Carneiro, reconstruímos o Alto da Serra e conquistamos o maior IDEB da história, esse trabalho vai ter continuidade. Obras importantes que foram paradas entre 2017 e 2021 pelo time do retrocesso foram retomadas por nós e estão em fase final de conclusão, como o Teatro Municipal e o Liceu Municipal Cordolino Ambrósio. Tivemos a coragem para fazer as mudanças necessárias no transporte público. O voto no 40 também é a garantia de um prefeito independente, que sabe ouvir, tem ótimo diálogo com o Governo Federal, mas coloca o interesse de Petrópolis em primeiro lugar. De mãos dadas com o povo, vamos avançar ainda mais".

Existe algum outro ponto que queira abordar? O espaço está aberto.

"Agradeço a oportunidade dada pelo jornal O Dia e aproveito para falar com cada petropolitano e petropolitana. Como disse no início da entrevista, esses dois anos e meio foram um período muito difícil. Pegamos a cidade destruída, enfrentamos uma série de crises e vencemos todas, uma a uma. Tive que fazer escolhas e uma delas foi não gastar com propaganda - porque tinha uma cidade para ser reconstruída primeiro. Talvez, por conta disso, você ainda não saiba de tudo o que fizemos. Agora, na campanha eleitoral, é hora de avaliar o que cada candidato fez mas, mais do que isso: comparar! Por isso, eu peço que você compare não só as propostas de cada candidato mas também o histórico, a formação, a capacidade de cada um para governar. E peço para comparar também o que cada um já fez quando teve a oportunidade. Tenho a certeza que, quando você parar para analisar, vai constatar: fizemos muito mais em apenas dois anos e meio do que eles em cinco anos. Por isso, peço o seu voto no 40 para Petrópolis seguir avançando! Um grande abraço e boa votação no próximo domingo".