Rio - A partir de segunda-feira, os 5,3 milhões de usuários do Bilhete Único (BU) do estado não terão mais os descontos tarifários concedidos nas viagens intermunicipais. Com uma dívida de R$ 10 milhões com as concessionárias de transporte por falta de repasses dos subsídios do programa, o governo estadual não cumpriu a última promessa de quitar o débito até esta sexta-feira. Diante disso, a CCR Barcas, a Fetranspor (que representa as empresas de ônibus), o MetrôRio e a SuperVia anunciaram a suspensão do benefício.
"Depois de sucessivas postergações no pagamento integral dos repasses dos subsídios pelo Governo do Estado, as concessionárias de transporte público informam que, a partir da zero hora de segunda-feira, dia 5 de dezembro, os usuários beneficiados pelo Bilhete Único Intermunicipal não terão mais acesso ao desconto tarifário ao embarcarem em barcas, metrô, ônibus, trens e vans legalizadas na Região Metropolitana”, afirmaram as empresas em nota.
Segundo as companhias, a suspensão está prevista na Lei estadual nº 5.628/2009, na hipótese de o estado não depositar o valor do subsídio. Criado há seis anos, o BU permite que passageiros de 20 municípios utilizem até dois meios de transporte, sendo pelo menos um intermunicipal, em um intervalo de 3 horas pelo preço de R$ 6,50. A diferença entre o valor cheio das tarifas e a quantia paga pelo usuário era custeada pelo governo. O subsídio chegou a R$ 602 milhões em 2015.
O motorista Rodrigo Fernandes, 37 anos, que mora em São João do Meriti, na Baixada, e trabalha no Estácio, usa dois ônibus para ir e dois para voltar. Com o BU, paga R$ 6,50 em cada sentido. Sem o benefício, terá de arcar com mais R$ 3,80. “Se a empresa não repassar isso, vamos ter de pagar do nosso bolso. A população pagará por essa roubalheira no estado”, reclama. O eletricista Jovêncio Oliveira, de 42 anos, que mora em Maricá e trabalha na Cidade Nova, terá aumento ainda maior. As tarifas cheias dos dois ônibus que pega, em cada sentido, é de R$ 24, quase 4 vezes mais do que pagava.
As empresas ressaltam que todos os cartões BU continuarão a ser aceitos normalmente, mas sem os descontos previstos na regra tarifária. Também se comprometem a retomar os valores da integração tão logo o repasse do governo seja normalizado. As integrações municipais na cidade do Rio não sofrem alteração, porque são custeadas pelas empresas, assim como a ligação entre BRT e metrô nas estações Vicente de Carvalho e Jardim Oceânico.
A Secretaria Estadual de Transportes explicou que o atraso dos pagamentos se deve ao agravamento da crise e aos arrestos judiciais e que está “tomando as medidas cabíveis para restabelecer o benefício”.