Por gabriela.mattos
Rio - O congestionamento de ambulâncias no pátio dá a pista. Do total de 15 mil pacientes atendidos por mês no Hospital Geral de Nova Iguaçu (HGNI), conhecido como Hospital da Posse, quase metade (45%) vem de outros municípios da Baixada Fluminense, onde vivem 3 milhões de pessoas, a maioria dependente dos serviços públicos de saúde. A unidade também é porta de entrada para todos os acidentados na Rodovia Presidente Dutra e no Arco Metropolitano, que cortam vários municípios.
Apesar da importância estratégica, há tempos o hospital vive à beira de um colapso. Ontem, a direção comunicou ao Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) que há risco de fechar as portas nos próximos dias.
Colapso%3A ambulâncias do Samu e de outros municípios lotam o pátioDivulgação

“As cirurgias eletivas já estão suspensas desde o dia 7 e o serviço ambulatorial foi interrompido na quinta-feira. Permanecem apenas as consultas ambulatoriais de pacientes do pós-operatório”, informou a direção da unidade. A previsão, segundo a nota, era que a Secretaria estadual de Saúde enviasse insumos e medicamentos para suprir em parte a necessidade.

O Cremerj alerta que a situação pode piorar caso os repasses de verbas federais e estaduais não sejam regularizados e atualizados para atender ao aumento da demanda — em 2013, a média era de 4,5 mil atendimentos por mês, aumento de mais de 200%.
Administrado pela Prefeitura de Nova Iguaçu desde 2002, o hospital enfrenta o atraso de quase um ano no repasse do estado. A dívida já supera R$ 29 milhões. Desde 2013, o valor repassado pelo Ministério da Saúde é de R$ 6,3 milhões — o ideal seria R$ 11 milhões, diz o HGNI.

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“É incalculável o impacto que a restrição de atendimento no Hospital da Posse causará a toda região. As pessoas não podem ficar desassistidas”, alerta Pablo Vazquez, presidente do Cremerj.
A Secretaria de Estado de Saúde informou que, “desde o início do ano, vem recebendo cerca de 40% do orçamento estadual previsto”. Mesmo com essa limitação, destinou, neste ano, o valor relativo a seis meses de repasse de verbas ao HGNI e à Maternidade Mariana Bulhões — também em Nova Iguaçu. “Existe um débito pendente relativo a 2015 que ainda não está regularizado”, admite.
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O Ministério da Saúde informou que repassou este ano para Nova Iguaçu R$ 270,6 milhões, sendo R$ 193,7 milhões para serviços de média e alta complexidade. E acrescentou que “estuda o ajuste das formas de financiamento, incluindo a tabela de procedimentos do SUS”.