Moradora do Turano vive das fotos que tira desde que se formou
Vanessa Machado veio do Pará há 10 anos e abriu o seu próprio negócio a partir do olhar para o outro
Rio - A cada flash, Vanessa Machado, de 30 anos, fica mais próximo de realizar seu sonho: viajar o mundo fotografando paisagens e pessoas. A moradora do Morro do Turano trabalha com fotografia há cerca de dois anos para um dia poder conhecer cada pedacinho do planeta.
"Quando eu comecei, conversava com amigos, que indicavam meu trabalho para outras pessoas. Postava minhas fotos em páginas de bairro e cheguei a fazer um site e um perfil no Instagram para divulgar meu trabalho", relembra Vanessa.
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A fotógrafa veio de longe para dar o pontapé inicial em sua carreira no Rio. Nascida no Pará, Vanessa se mudou para a capital fluminense para tentar uma vida melhor e logo entrou em um curso de teatro. No estado do Norte do país, ela já tinha contato com arte.
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"Eu sempre fui uma pessoa apaixonada pela cultura e a arte, mas na minha cidade não tinha muito acesso., Já tinha feito peças, musicais, sempre participei de apresentações em centros comunitários, mas não tinha como ir além", conta a paraense de Castanhal, cidade que fica na Região Metropolitana de Belém.
PROJETO NO TURANO
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Ao chegar no Rio, Vanessa começou a participar de um projeto no próprio Turano, o Espaço Cutural Fazendo Arte, onde conheceu o marido. Foi ali que teve o primeiro contato com o universo da fotografia.
"Teve uma ação da Adobe voltada para o audiovisual. A ideia era chamar vários jovens da comunidade para desenvolver projetos ligados a clipes e videoclipes, mostrando um pouco a visão de cada um", relembra.
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O contato com aquilo tudo fez Vanessa querer aprender mais, tanto que ela começou a cursar fotografia na faculdade. Quando se formou, o marido estava em situação financeira delicada e ela se lançou no mercado.
"Eu tive muito receio de não dar certo. Era bem complicado essa sensação. Muitos trabalhos no início foram parcerias que me ajudaram bastante. O trabalho foi fluindo no boca a boca, com o cliente mostrando para um amigo, que também virou cliente. Hoje, graças a Deus a gente consegue bancar todas as despesas que a gente tem só com o meu trabalho", orgulha-se.
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A primeira câmera fotográfica veio na mesma época em que entrou na faculdade, 2016. Foi um esforço para conseguir um equipamento caro, mas que lhe deu muito orgulho.
"Você percebe o quanto você pode. Você vê o valor do equipamento e acha que é impossível. Eu falo porque ainda há muitos acessórios, mas é uma paixão. Fotografia é uma paixão antes de tudo. Todo mundo que começa na carreira é por alguma paixão e se você não deixar ela perdurar, acaba", enfatiza.
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PANDEMIA
No início do ano, a empreendedora estava prestes a dar um grande passo na carreira: ter o seu próprio estúdio fotográfico. Mas aí veio a pandemia e os planos tiveram que ser alterados.
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"Tive vários clientes que desmarcaram, muitos eventos que pularam o calendário. Tem uma cliente que fez 15 anos em março e vai fazer a festa só agora em fevereiro", conta, dizendo que os meses de quarentena mais intensa foram difíceis por causa da falta de trabalho. "Acabei com todas as minhas economias e não conseguia mais pegar na minha câmera, porque fiquei bem depressiva".
Os trabalhos só começaram a voltar a partir de julho e mesmo assim porque Vanessa se reinventou. Foi quando ela teve a ideia de oferecer os ensaios chamados de smash the cake (na tradução live: esmagar o bolo), quando bebês são fotografados se lambuzando em um bolo.
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"Já que a gente não podia fazer festa e se aglomerar, fiz uma trabalho que não precisasse tocar na pessoa. Fiz a divulgação, montava meu cenário e a mãe trazia a criança, com total cuidado, e foi indo. Foi o que deslanchou na pandemia e como consegui novos clientes", comemora.
Com os pedidos de fotografia voltando aos poucos, a moradora do Turano espera em breve poder abrir seu estúdio. A ideia é que ele fique nos arredores da favela, no Rio Comprido mesmo. E sobre o sonho de vida? Ela diz que não para de pensar nele.
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"Eu quero muito um projeto de vida para eu poder rodar os lugares fotografando, de forma comercial ou documental. Gosto muito de aventura. Esse é o meu sonho, a minha meta de vida", avisa a empreendedora, que já rodou cerca de 3 mil km do Pará para começar a ganhar o mundo no Rio.