Publicado 02/11/2022 07:39
Rio - Caminhoneiros apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) já não interditam mais as rodovias do Rio de Janeiro, nesta quarta-feira (2). Os manifestantes bloquearam diversos trechos do estado desde o último domingo (30), como forma de protesto por não aceitarem o resultado das eleições que deu a vitória a Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O grupo vem reivindicando que as Forças Armadas promovam uma intervenção militar, o que é proibido pela Constituição Federal. As últimas ocupações foram registradas por volta de 1h na BR-116.
De acordo com o boletim das 12h20 da Polícia Rodoviária Federal (PRF), na BR-116, há manifestantes em ambos dos sentidos da pista no Km 197, em Queimados, que não estão obstruindo a via e o trânsito está livre. No Km 310, em Resende, há cerca de 100 pessoas no acostamento e o tráfego também está fluindo normalmente. Ainda na via, no entorno da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), equipes atuam para evitar transtornos entre manifestantes e ônibus de torcidas organizadas do Corinthians.
Em Barra Mansa, um grupo de manifestantes que estava no Km 282 da BR-116, foi desmobilizado e desistiu de seguir para a AMAN. Às margens do Km 220 da via, uma concentração com 30 pessoas tenta voltar a fechar a rodovia e as equipes da PRF se deslocaram para o local. Já na BR-101, em Campos dos Goytacazes, 20 apoiadores estão no acostamento do Km 70, sem provocar impactos no trânsito. Às margens do Km 63, há 50 pessoas seguindo em direção ao quartel do Exército de Campos, onde uma concentração se formou. Agentes foram acionados para o local.
Na tarde de terça-feira (1º), dois homens que participavam do ato foram encaminhados à 90ª DP (Barra Mansa), por desobediência e resistência após insistirem na tentativa de bloqueio das pistas da BR-116, em Barra Mansa. No local, havia cerca de 120 manifestantes e a PRF precisou usar bombas de efeito moral e gás lacrimogênio para dispersar o grupo. Confira abaixo.
Também ontem, o trabalho da PRF passou a contar com reforço da Polícia Militar, depois que o governador do Rio, Cláudio Castro, determinou que o Batalhão de Choque (BPChq) atuasse para liberar qualquer estrada com tráfego interrompido e prestasse apoio à instituição, dando prioridade ao diálogo. Equipes da PM atuaram em 33 pontos de bloqueio em vias expressas e rodovias estaduais e federais. No Sul Fluminense, os batalhões reforçaram o patrulhamento nas vias de acesso às cidades e atuaram com 20 duplas em motocicletas para fazer o policiamento no interior do engarrafamento para coibir incidentes.
Na cidade do Rio, o prefeito Eduardo Paes também ordenou que a Guarda Municipal trabalhasse para manter a livre circulação e declarou que não iria permitir que as manifestações prejudicassem a população carioca. Na manhã de ontem, o grupo de apoiadores de Bolsonaro tentou bloquear o tráfego na Transoeste, no Túnel da Grota Funda e na altura da estação do BRT Mato Alto, ambos na Zona Oeste, mas foram impedidos pelos agentes.
As manifestações inconstituicionais tiveram início por volta de 0h30 da segunda-feira (31) e provocaram uma série de transtornos para a população do Rio de Janeiro. No primeiro dia, passageiros de ônibus e ocupantes de carros de passeio ficaram presos nas estradas por mais de dez horas. As liberações começaram no início da tarde, dos veículos que tinham idosos, crianças e pessoas com necessidades especiais. Antes da liberação, algumas pessoas decidiram abandonar os coletivos e seguiram a viagem à pé, pelos acostamentos.
Professores e estudantes do curso do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) só conseguiram chegaram na tarde de terça-feira no Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza, localizado na Ilha do Fundão, na Zona Norte do Rio, após ficarem presos no bloqueio de 18 horas na Rodovia Presidente Dutra. Os 30 alunos, acompanhados de docentes da universidade, estavam em um ônibus e uma van que seguia para um trabalho de campo em Uberaba, no interior de Minas Gerais, mas foram interceptados por caminhoneiros manifestantes na altura de Barra Mansa.
O grupo teve que ir até o hotel mais próximo e, no caminho, sofreram com xingamentos e ameaças. Em uma rede social, um estudante do curso de Geologia disse que eles andaram cerca de seis quilômetros até chegar em um local onde pudessem ficar. A UFRJ classificou o episódio como um ataque à educação e à democracia. "A Reitoria repudia veementemente o bloqueio e a hostilização protagonizados pelos manifestantes que impossibilitaram os estudantes de prosseguir viagem de pesquisa acadêmica", disse a universidade.
Por conta dos bloqueios, a Rodoviária do Rio precisou suspender todas as viagens em direção a São Paulo, Minas Gerais, Nordeste e Sul do país, e a maior parte das empresas cancelou as vendas. Na segunda-feira, cinco mil pessoas foram prejudicadas com as interdições, o que representou queda de 40% no movimento de embarques e desembarques.
MPF vai investigar bloqueios nas rodovias
O Ministério Público Federal (MPF) anunciou, nesta terça-feira, que criou um grupo de apoio com 14 procuradores que irão auxiliar na apuração dos bloqueios em rodovias federais fluminenses. Chamada de Grupo de Apoio Institucional, a equipe é formada por membros da Procuradoria da República que atuam no estado. A criação foi autorizada pelo procurador-chefe da unidade do órgão no Rio, Sérgio Pinel. O grupo irá colaborar com a atuação das autoridades na seara cível, criminal e de controle externo da atividade policial.
Ainda ontem, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, determinou que as Polícias Militares do estados atuassem para desosbtruir as rodovias bloqueadas pelos manifestantes contrários ao resultado das eleições. O magistrado estipulou multa de R$ 100 mil por hora e prisão em flagrante para aqueles que estivessem cometendo crimes contra o Estado Democrático de Direito e a soberania nacional. A medida foi adotada para garantir o "resguardo da ordem no entorno e, principalmente, à segurança dos pedestres, motoristas, passageiros e dos próprios participantes do movimento ilegal que porventura venham a se posicionar em locais inapropriados nas rodovias do país".
Na segunda-feira, o ministro já havia determinado a desobstrução imediata de rodovias e vias públicas que estivessem ilicitamente com o trânsito interrompido e estabeleceu multa de R$ 100 mil por hora para donos de caminhões que estajam sendo usados nos bloqueios. Por conta da "omissão e inércia", Moraes determinou ainda que a Polícia Rodoviária Federal adotasse todas as providências, sob pena de multa de R$ 100 mil ao diretor-geral da instituição, Silvinei Vasques, contando da 0h de 1º de novembro, além da possibilidade de afastamento de suas funções e até prisão em flagrante por crime de desobediência, caso seja necessário.
Na segunda-feira, o ministro já havia determinado a desobstrução imediata de rodovias e vias públicas que estivessem ilicitamente com o trânsito interrompido e estabeleceu multa de R$ 100 mil por hora para donos de caminhões que estajam sendo usados nos bloqueios. Por conta da "omissão e inércia", Moraes determinou ainda que a Polícia Rodoviária Federal adotasse todas as providências, sob pena de multa de R$ 100 mil ao diretor-geral da instituição, Silvinei Vasques, contando da 0h de 1º de novembro, além da possibilidade de afastamento de suas funções e até prisão em flagrante por crime de desobediência, caso seja necessário.
Também na noite de segunda-feira, a Justiça Federal determinou que a PRF interrompesse as manifestações de caminhoneiros apoiadores do presidente Jair Bolsonaro em rodovias federais de todo Brasil e a remoção de pessoas, veículos ou objetos que estivessem obstruindo o tráfego na rodovia, com uso de aparelhos e guinchos ou com reforço policial. A decisão impôs multa diária de R$ 5 mil por pessoa física participante e por pessoa jurídica que lidere ou preste apoio ao movimento.
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