Rio - O prefeito do Rio, Eduardo Paes, utilizou suas redes sociais nesta terça-feira (1º), para denunciar que um apoiador de Jair Bolsonaro (PL) que tentou interditar a Transoeste, na manhã de hoje, já havia sido preso em flagrante por ter cometido um roubo armado em 2020. Desde o final da apuração das urnas, que deu a vitória a Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no último domingo (30), caminhoneiros e eleitores do atual presidente paralisam rodovias de todo o país, reivindicando que as Forças Armadas promovam uma intervenção militar, o que é proibido pela Constituição Federal.
Na publicação, o prefeito compartilhou um vídeo em que é possível ver um carro vermelho com uma bandeira do presidente Jair Bolsonaro e uma carroça parado na via expressa. As imagens também mostram um grupo de homens, parte deles com camisas verdes e amarelas, discutindo com, pelo menos, três agentes do Grupamento de Operações Especiais (GOE) da Guarda Municipal do Rio. Confira o vídeo abaixo. "Vai vendo! Cidadão patriota e "do bem" tentando fechar a Transoeste na manhã de hoje", escreveu Paes.
Vai vendo! Cidadão patriota e “do bem” tentando fechar a TransOeste na manhã de hoje. Ficha do cidadão: Capitulação: PRISÃO EM FLAGRANTE; ROUBO MAJORADO (ART 157, 5 20 - CP), II E 52-A, I DO CP! Aqui não! pic.twitter.com/ounnBF3HXi
Ainda de acordo com Paes, Michel Teixeira de Menezes Batista, de 33 anos, foi preso em flagrante em 24 de junho de 2020, por roubo majorado, e deixou a prisão em 16 de julho deste ano. "E já está querendo defender a pátria! Então tá bom…", continou o prefeito. Procurada, a Guarda Municipal informou que, até o momento, não há registro de prisões realizadas pela instituição.
Pouco antes, em outra publicação, o prefeito do Rio afirmou que não vai permitir que os manifestantes atrapalhem a rotina da população. "Protestar é um direito de todos. O que não pode é baderna e prejudicar o povo trabalhador em razão da ação de pequenos grupos claramente com fins políticos. Na cidade do Rio não iremos permitir. A GM manterá a livre circulação em nossa cidade, certamente com o apoio da PM", declarou o prefeito.
De acordo com a Secretaria de Ordem Pública (SEOP), houve ainda, na manhã desta terça-feira duas tentativas de bloqueios, sendo uma delas no túnel da Grota Funda e outra na altura da estação do BRT Mato Alto, ambas em Guaratiba, na Zona Oeste do Rio, que foram desmobilizadas pela Guarda Municipal. A pasta informou ainda que, junto com a GM, monitoram todas as vias da cidade e atuam para combater ilegalidades, manter a fluidez do trânsito, a desobstrução das vias e garantir a segurança da população.
Em um vídeo que circula nas redes sociais, guardas municipais impedem os apoiadores de Bolsonaro de interditarem uma via com uso de spray de pimenta. "Estão querendo nos expulsar! Olha o que esse otário está fazendo. Aí, dentro do olho! Olha o que eles estão fazendo! Não tem fogo, não tem nada de errado! Aí o que a Guarda Municipal está fazendo, só obstruímos uma via, é só uma via obstruída! Jogando spray na cara dos outros", diz um manifestante. Confira abaixo. "Aqui tem respeito às leis! Baderna não vai ser tolerada!", disse Paes ao parabenizar a Guarda pela ação.
AGORA: Prefeito do RJ, Eduardo Paes, mobiliza Guarda Municipal, que tira a força, bolsonaristas das rodovias. Gás de pimenta está sendo utilizado. pic.twitter.com/V3E6T1Ce9D
Ministro do STF determina desobstrução imediata de rodovias
Na noite de segunda-feira, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, determinou a desobstrução imediata de rodovias e vias públicas que estejam ilicitamente com o trânsito interrompido. A decisão também estipulou multa de R$ 100 mil por hora para donos de caminhões que estajam sendo usados nos bloqueios.
Por conta da "omissão e inércia", o magistrado determinou ainda que a PRF adotasse todas as providências, sob pena de multa de R$ 100 mil ao diretor-geral da instituição, Silvinei Vasques, contando da 0h de 1º de novembro, além da possibilidade de afastamento de suas funções e até prisão em flagrante por crime de desobediência, caso seja necessário.
A decisão do ministro atendeu ao pedido da Confederação Nacional dos Transportes, que apontou transtornos e prejuízos a toda sociedade com paralisações em diversas rodovias do país, em ao menos 10 estados. Segundo a CNT, as paralisações se caracterizam como "manifestações antidemocráticas e, potencialmente, criminosas que atentam contra o Estado Democrático de Direito".
Segundo Moraes, a Constituição assegura o direito de greve, manifestação ou paralisação, mas, assim como outros direitos, eles são relativos, "não podendo ser exercidos, em uma sociedade democrática, de maneira abusiva e atentatória à proteção dos direitos e liberdades dos demais". O ministro apontou ainda que os atos "vem acarretando efeito desproporcional e intolerável sobre todo o restante da sociedade, que depende do pleno funcionamento das cadeias de distribuição de produtos e serviços para a manutenção dos aspectos mais essenciais e básicos da vida social".
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.