Estudantes da UFRJ alegam terem sido hostilizados por apoiadores de Bolsonaro em Barra MansaRedes Sociais
Após ônibus com alunos da UFRJ ser retido, reitoria repudia ameaças
Estudantes e professores foram hostilizados em Barra Mansa por manifestantes pró-Bolsonaro
Rio - A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) classificou como um ataque à educação e à democracia o bloqueio de um ônibus de alunos e professores do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ocorrido na última segunda-feira (31), na Rodovia Presidente Dutra, altura de Barra Mansa, no Sul do estado.
Segundo a UFRJ, um grupo com cerca de 30 estudantes e três docentes seguia em direção a Uberaba, em Minas Gerais, onde ia realizar um trabalho de campo. Contudo, por causa de uma manifestação pró-Bolsonaro, os motoristas que levavam o veículo, com símbolo da universidade, foram impedidos de passar. Depois do resultado das eleições neste domingo (30), diversos protestos estão sendo promovidos por grupos aliados ao presidente Jair Bolsonaro (PL).
"A Reitoria repudia veementemente o bloqueio e a hostilização protagonizados pelos manifestantes que impossibilitaram os estudantes de prosseguir viagem de pesquisa acadêmica. Além disso, nos solidarizamos com cada discente, docente, motorista e seus familiares. Além dos sucessivos bloqueios orçamentários que a UFRJ atravessou por todo o ano de 2022 levando a um estado de penúria financeira, ter, agora, que encarar bloqueios terrestres que impedem o livre tráfego para produzir pesquisas é surpreendente para uma instituição centenária como a UFRJ", disse a instituição em nota divulgada na segunda-feira.
Ainda de acordo com a UFRJ, os professores orientaram os estudantes a se dividirem em grupos e se encaminharem até o hotel mais próximo, portando apenas roupas do corpo e documentos. A universidade informou que os estudantes foram xingados, filmados, ameaçados e hostilizados pelos manifestantes.
"A UFRJ não permitirá que seus estudantes, professores e funcionários sejam ultrajados e hostilizados e com anuência de outros entes do Poder Executivo. Vivemos em uma República. A Universidade não se calará e não permitirá que ataques sucessivos à comunidade acadêmica continuem em marcha contra a educação e a democracia, nem tampouco compactuaremos com discursos de ódio e ataques antidemocráticos. Seguimos lutando e acreditando na ciência e na educação de qualidade como rota para um Brasil melhor, como acontece em todo país verdadeiramente independente e desenvolvido", completou a instituição.
Em uma rede social, um estudante do curso de Geologia disse que o grupo andou cerca de seis quilômetros até chegar em um local onde pudesse ficar. No entanto, ainda não tinha previsão de como e quando voltaria para a casa.
"Galera, estamos presos em Barra Mansa por conta de um bloqueio bolsonarista que prendeu o ônibus da UFRJ por ser de uma universidade pública e por ter universitários dentro. No momento, estamos bem. Andamos por 6km até chegar em um hotel, mas estamos praticamente presos na cidade sem saber quando vamos voltar para casa", dizia a postagem.
A reitoria da UFRJ alegou que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) não auxiliou a comunidade acadêmica na ocasião. Questionada sobre o assunto, a PRF ainda não respondeu até o fechamento desta reportagem.
Segundo a CCR Nova Dutra, o tráfego continuava totalmente bloqueado no km 281 da Rodovia Presidente Dutra, na altura de Barra Mansa, por volta das 12h.
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