Prédio novo da Alerj na Rua da Ajuda, Centro.Pedro Ivo/ Agência O Dia
"É uma premiação anual instituída pelo Parlamento Fluminense para agraciar pessoas e instituições que se destacam na área de saúde mental em quatro categorias. É uma forma de homenagear estes profissionais e esta importante área da saúde. Sobretudo, valorizar a memória de Nise da Silveira e apoiar a luta antimanicomial e a reforma psiquiátrica, que precisam ser fortalecidas no próximo período, após serem bastante atacadas nos últimos quatro anos", ressaltou Waldeck.
O Comitê de Avaliação do Prêmio Nise da Silveira organizou as instituições em quatro frentes de atuação, com duas agraciadas em cada uma, sendo elas: atuação em movimentos sociais na área de saúde mental, em gestão na área de saúde mental, atuação profissional na área de saúde mental e, por fim, atuação em ciência, pesquisa e produção de inovação tecnológica na área de saúde mental.
Na ocasião, o Bloco Carnavalesco Loucura Suburbana também receberá a Medalha Tiradentes.
Nise da Silveira foi revolucionária para seu tempo. Nascida em Maceió, Alagoas, foi estudar medicina na Bahia, aos 15 anos. Era a única mulher em uma turma com mais de 100 homens e está entre as primeiras mulheres a se formar na profissão.
Chegou a ser presa em 1936 por ter livros comunistas em sua casa, ficando reclusa por 18 meses no presídio Frei Caneca, no Centro do Rio. Sua luta, porém, se destaca na Saúde Mental. Em 1933, Nise passa no concurso federal para assistência a psicopatas de profilaxia mental, no cargo de médica psiquiatra. Ali, ela dá início ao seu trabalho no Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II, no Engenho de Dentro, Zona Norte.
Tanto no centro psiquiátrico, quanto em palestras e debates, Nise se posicionava radicalmente contra as práticas então usuais de tratamentos psíquicos. Em sua opinião, eram muito agressivos. Ela se recusava a dar eletrochoque, a fazer lobotomia, prática que deixa o paciente em estado neurovegetativo. De tanto se recusar, acabou sendo transferida para a terapia ocupacional. Ali, a médica proporcionou aos pacientes uma maneira diferente de reconectar os vínculos com a realidade: criou ateliês de pintura e modelagem, usando a arte para reabilitar.
Em 1952, Nise fundou o Museu de Imagens do Inconsciente, também no Engenho de Dentro. Em pouco tempo, ele se tornou um grande centro de estudos e preservação dos trabalhos produzidos nos estúdios de modelagem e pintura. Quatro anos depois, em 1956, a médica fundou a Casa das Palmeiras, em Botafogo, Zona Sul, clínica voltada à reabilitação de antigos pacientes.
Em Paris, nas décadas de 1950 e 1960, foi aluna do famoso psicólogo Carl Jung, sendo pioneira em trazer a terapia junguiana para o Brasil. Nisea morreu em 1999, com 94 anos.
Confira a relação dos agraciados por categoria
I - Atuação em movimentos sociais na área de saúde mental:
- Núcleo Estadual do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial – NEMLA;
- Fórum Permanente dos Centros de Convivência do Rio de Janeiro;
II - Atuação em gestão na área de saúde mental:
- Alexander Garcia de Araujo Ramalho – Diretor do Instituto Municipal de Assistência à Saúde Juliano Moreira;
- Erika Pontes e Silva – Diretora do Instituto Nise da Silveira;
III - Atuação profissional na área de saúde mental:
- Luciana da Cruz Cerqueira – Psicóloga do Instituto Municipal de Assistência à Saúde Juliano Moreira;
- Vanessa de Araújo Xisto – Psicóloga da Clínica da Família Sônia Maria Ferreira Machado;
IV - Atuação em ciência, pesquisa e produção de inovação tecnológica na área de saúde mental:
- Letícia de Oliveira – Professora titular da Universidade Federal Flumimense, Departamento de Fisiologia e Farmacologia, Laboratório de Neurofisiologia do Comportamento;
- Malcolm dos Santos – Enfermeiro do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS III) Maria do Socorro dos Santos.
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