Dezenas de candidatos tiveram que ir à delegaciaReprodução

Rio - A Prefeitura do Rio anunciou que decidiu anular a etapa do processo seletivo para residência médica da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), realizada neste domingo (11), após envelopes de provas chegarem abertos a algumas salas. Dezenas de candidatos foram à 21ªDP (Bonsucesso) para registrar boletim de ocorrência. O caso aconteceu em uma unidade da Unisuam em Bonsucesso, na Zona Norte do Rio.
Em nota, a prefeitura informou "já acordou com os candidatos que todos os inscritos farão a prova da especialidade Cirurgia Geral em um novo dia a ser marcado", mas uma médica. que preferiu não se identificar, alega que os candidatos não foram consultados sobre o assunto. Eles pedem o cancelamento de todas as especialidades, uma vez que a prova era igual para a maioria delas. Presente na sala onde o envelope não estava lacrado, a candidata detalhou o embate com os fiscais.
"Quando chegaram as provas, o envelope não estava lacrado. Aí contestamos e eles chamaram a coordenação. Eles queriam que fizéssemos a prova sem assinar a ata, como aconteceu em outra sala, mas nos recusamos. Aí um candidato tirou o celular do lacre e ligou para a polícia", explicou a mulher.
Para evitar que a polícia fosse acionada, fiscais e coordenadores argumentaram que o malote estava lacrado no momento da entrega dos envelopes, tanto que recolheram assinaturas de outros candidatos. Mas isso não foi suficiente para convencer os cerca de 40 concorrentes a realizar a prova.
"Na delegacia, a gente ficou sabendo que chamaram a polícia dizendo que a gente estava fazendo algazarra e atrapalhando os outros alunos", disse a médica.
Antes da realização da prova, candidatos já desconfiavam de fraude, uma vez que circulavam prints de pessoas oferecendo o gabarito antecipadamente por R$ 120 mil. Em uma das mensagens, havia até a garantia que, após o pagamento ser efetuado, o candidato nem precisaria comparecer ao local da prova. Por isso, estudantes disseram estar mais atentos a indícios de ilegalidades no concurso.
Antes da prova, gabarito foi oferecido a candidatos por R$ 120 mil - Reprodução
Antes da prova, gabarito foi oferecido a candidatos por R$ 120 milReprodução
"Os candidatos de outras especialidades serão prejudicados. Quem garante que a prova não vazou para alguém de outra especialidade, já que ela chegou aberta na minha sala", contestou a candidata.
O concurso da Prefeitura do Rio aprovaria pelo menos 432 médicos em 13 unidades de saúde da capital. A prova teve início às 9h deste domingo, exceto na sala em que o envelope aberto foi questionado pelos alunos.
A Polícia Civil informou que investiga o caso. "O envelope não lacrado foi apreendido e passará por perícia. Diligências estão em andamento para esclarecer todos os fatos", informou.
Organização do concurso é criticada
Especialista em terapia intensiva, a médica Juliana Perdigão estava em outra sala e chegou a fazer a prova, mas também observou problemas na organização do concurso. Ela desembolsou R$ 250 reais na taxa de inscrição e ficou indignada com a suspeita de fraude. Procurada, a Fundação Getulio Vargas (FGV) não respondeu.
"É uma injustiça com todo mundo. Minha amiga chegou a fazer um curso, se preparou e nem pôde fazer a prova. Foi a primeira vez que o concurso foi organizado pela FGV e estava uma bagunça, muito desorganizado. Aí ainda tem o malote aberto", reclamou Juliana. 
Confira a nota enviada pela Prefeitura do Rio:
"A Prefeitura do Rio confirma que durante a realização de uma das etapas do Processo Seletivo para os Programas de Residência Médica - Unidades Hospitalares, neste domingo (11/12), apesar de todos os malotes estarem devidamente lacrados, foi constatada inconsistência em envelopes da prova de Cirurgia Geral. Alguns envelopes não haviam sido devidamente lacrados. Dada essa constatação, a prefeitura anulou essa etapa do processo para esse cargo. Para ninguém ser prejudicado, a Prefeitura já acordou com os candidatos que todos os inscritos farão a prova da especialidade Cirurgia Geral em um novo dia a ser marcado posteriormente, após adaptação do calendário aos demais processos seletivos espalhados pelo Brasil".