Vanessa Brito dos Santos estava separada do ex-marido há cerca de dez mesesReprodução/Redes Sociais

Rio - Familiares de Vanessa Brito dos Santos, de 34 anos, passaram a sofrer ameaças desde que a mulher foi agredida a marteladas dentro de casa pelo ex-companheiro, na madrugada de quarta-feira (14), na comunidade da Asa Branca, em Curicica, na Zona Oeste do Rio. Principal suspeito do crime, Adriano dos Santos Salvador ainda não foi localizado e afirmou, em uma ligação, que só pretende se entregar à polícia se a vítima, que estava grávida, não resistir aos ferimentos e morrer. 
De acordo com a irmã de Vanessa, Thaís Cristina, uma amiga da vítima conseguiu fazer contato por telefone com Adriano nesta quarta-feira, na tentativa de descobrir o paradeiro dele e, na ligação, o homem afirmou que havia assistido à uma entrevista de parentes sobre o caso e que iria procurar um advogado para processá-los. O suspeito teria dito ainda que eles iriam "se ver" com ele. 
"Ele falou que isso não ia ficar assim, que a gente ia se ver com ele, falou um monte de coisa. A gente passou para delegada que está a frente do caso, tudo o que ele falou para ela (amiga de Vanessa) e que ele ameaçou a gente (...) Agora, ele está ameaçando a gente da família, pelo fato de a gente ter dado entrevista. Ele falou que só vai se entregar se ela morrer, se ela não morrer, ele não vai se entregar para a polícia", relatou a irmã. 
Ainda segundo Thaís, Vanessa e Adriano ficaram casados durante 17 anos e tiveram cinco filhas, atualmente com idades de 16, 14, 12, 8 e 7 anos. A família vivia em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, mas há cerca de um ano, a mulher decidiu se separar, por conta das constantes agressões sofridas, e passou a morar com as meninas na comunidade de Curicica. Desde então, ela vinha sendo alvo de ameaças. 
"A minha irmã se separou dele (Adriano) devido às agressões que ela sofria com ele e veio morar aqui em Asa Branca (...) Ela já vinha relatando que estava sofrendo ameaça dele. Ele conseguia o número (de telefone) dela, ligava e ela trocava de número. Ela estava trocando de número direto por causa de ameças dele", contou Thaís que relatou ainda que a família já havia alertado Vanessa sobre o comportamento do ex-cunhado.
"No começo, ele não mostrava ser uma pessoa agressiva, mas depois, com o tempo, ele começou a bater nela. A gente mandava ela largar ele, mas ela tinha medo dele, porque ele ameaçava ela psicologicamente. Ela conviveu muitos anos com isso, até que ela criou forças e conseguiu largar ele", disse a familiar.
A irmã relatou também que, no dia do crime, Adriano seguiu Vanessa até a casa dela e que esperou até a madrugada para invadir o local. Por volta das 5h30, ele arrombou o portão do imóvel e a agrediu com golpes de martelo na cabeça e no rosto. No momento do ataque, as filhas de 12, 8 e 7 anos estavam na residência e uma delas pediu ajuda à uma vizinha, que acionou o Corpo de Bombeiros. O agressor conseguiu fugir do local. 
A vítima foi socorrida, inicialmente, para um hospital da região, mas precisou ser encaminhada para o Hospital Municipal Miguel Couto, no Leblon, na Zona Sul do Rio. Na unidade, Vanessa, que estava com nove meses de gestação, precisou passar por um parto cesárea de emergência. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a mulher tem quadro estável. Já a bebê, fruto de um novo relacionamento da dela após a separação, foi transferido para a Maternidade Municipal Leila Diniz e, por ser prematuro, apresenta estado de saúde delicado, porém, estável.
"A gente só quer que a justiça seja feita, que ele pague por tudo o que fez com ela. Eu acho que ele não merece nem ser preso, ele merecia morrer por tudo o que ele fez a minha irmã passar, mas está nas mãos de Deus, vai ser feita a vontade de Deus. Minha irmã está entre a vida e a morte. Esse desgraçado tem que pagar pelo que ele fez, para não fazer isso com mais ninguém. Ele não respeitou a minha irmã, não respeitou as minhas sobrinhas que estavam no momento, ele merece pagar por tudo". 
As investigações estão em andamento na Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Jacarepaguá, que instaurou inquérito para apurar a tentativa de feminicídio. Agentes da especializada realizam diligências para localizar o autor do crime.