Feira das Yabás se torna Patrimônio Cultural e Imaterial do RioPaulo Carneiro / Parceiro / Arquivo Agência O Dia

Rio – A tradicional Feira das Yabás foi reconhecida como Patrimônio Cultural de natureza imaterial da cidade do Rio. O decreto do prefeito Eduardo Paes foi publicado no Diário Oficial desta terça-feira (20).
O evento acontece periodicamente na Praça Paulo da Portela, em Oswaldo Cruz, na Zona Norte. A entrada é gratuita e sua classificação, livre. É na feira que se reúnem e se concentram milhares de pessoas para festejar a cultura afro-brasileira. Tudo isso celebrado por rodas de samba – sua maior atração – e barracas de comidas típicas, preparadas por nomes como Jane Carla, Tia Surica e Neide Sant'anna, da Velha Guarda da Portela. 

"Além da importância cultural da feira, o encontro gera empregos informais e reúne milhares de pessoas de várias partes da cidade, já que o samba é uma das maiores tradições dos bairros da Zona Norte, principalmente de Madureira e Oswaldo Cruz. Não podemos negar que a marca registrada do subúrbio carioca é o samba, e manter esse elo entre o antigo e o novo é ter a certeza de que a tradição será preservada pela nova geração que está por vir", explicou a vereadora Vera Lins, autora do projeto de lei.

Fundador do evento, o cantor e compositor Marquinhos de Oswaldo Cruz, que também é criador do Trem do Samba, viu na Feira das Yabás uma maneira de recriar tradições, além de preservar uma riqueza que vai além do lastro da moeda: a cultura.

"É tão bonito quando isso acontece. A Feira das Yabás e o Trem do Samba não são eventos que vão com o vento. Eles têm todo um processo cultural importante na cidade, porque aquela região é muito rica culturalmente, mas todas as riquezas são imateriais, e bem imaterial, se você não recriar, entra no esquecimento. Cultura é memória. E é justamente a memória coletiva de lá que não pode entrar em esquecimento", ressaltou o sambista.

Marquinhos, que viu nas barracas de comidas típicas e nas rodas de samba maneiras de recriar essa riqueza – herança dos africanos escravizados –, contou que a Feira e o Trem do Samba são frutos de um trabalho permeado pela sua própria vida como artista, cidadão e pelo sentimento de pertencimento ao subúrbio. "É pra chamar a atenção do poder público para acentuar esse trabalho com relação à cultura como memória, para que outras pessoas possam conhecer a riqueza e possam motivar a região a crescer."
* reportagem da estagiária Beatriz Coutinho, sob supervisão de Raphael Perucci