Stefany Paiva (esquerda) e Ana Alice Mendes (direita) eram amigas de infânciaReprodução

Rio - Parentes de Francisca Ana Alice Ferreira Mendes, de 20 anos, e de Stefany Alves de Paiva, 19, encontradas mortas na madrugada desta quinta-feira (29) na Rocinha, Zona Sul do Rio, afirmam que os celulares das vítimas não foram encontrados no local do crime. Eles foram até a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) para prestar depoimento e acreditam que os aparelhos foram levados por quem matou as meninas, que eram amigas de infância.
A vendedora Silmara Mendes, 26, irmã de Ana Alice, contou ao DIA que tentou ligar para o número da parente, mas só dá fora de área. Até o momento, não há informações sobre o que pode ter motivado a morte das jovens.
"Não temos nenhuma suspeita do que aconteceu. Ela mandou mensagem para mim ontem dizendo que estava com muita dor de dente. Mandei ela tomar um certo medicamento para dor e ela falou que ia tomar. Foi a última vez que falei com ela. Minha prima me ligou duas horas da manhã dizendo que tinha acontecido alguma coisa com ela. O celular dela sumiu. O de nenhuma das duas estava lá. Tentei ligar hoje e deu desligado. Deve ter sido a pessoa que matou. Queremos Justiça", contou Silmara.
Quem também esteve na delegacia foi o garçom Carlos Viana, 22, irmão de Stefany Paiva. De acordo com ele, a jovem estava no Rio há duas semanas. Ela tinha ido do Ceará até São Paulo junto com o ex-marido, se separou e resolveu morar na Rocinha. Segundo ele, o celular da jovem também não foi encontrado. 
Informações preliminares apontavam que as vítimas haviam brigado, e que uma teria ferido a outra e cometido suicídio em sequência. No entanto, os familiares de ambas as meninas descartam essa possibilidade por causa da relação de amizade, nutrida desde a infância, entre as duas desde a época em que moravam no Ceará, de onde são naturais.
"Eu nunca a vi envolvida com negócio de drogas, baile e com confusão. É tanta coisa que passa na cabeça numa hora dessas, mas até a polícia falar o que realmente aconteceu, é só aguardar. Elas foram nascidas e criadas todas juntas. Desde o tempo de escola. Quem falar isso [briga], só quer ganhar mídia", comentou o Carlos.
O garçom Antônio Ramos, 23, marido de Ana Alice, entende que pode haver uma terceira pessoa envolvida no crime já que ambos os celulares das vítimas teriam sumido do local. A possibilidade de uma briga também foi descartada pelo rapaz.
"Eu estava no trabalho porque eu dobrei. Cheguei em casa meia noite, estava muito cansado e acabei dormindo. Fiquei sabendo por volta das quatro da manhã. A gente morava junto. Ela era uma pessoa carinhosa, calma, não tinha questão de agressividade. Não faço a menor ideia de quem possa ter feito isso da parte da minha esposa. Pela situação e pelo o que eu conheço dela, não existe a possibilidade delas terem brigado. Até porque ela se conhecem desde criança. Estamos matutando na cabeça, mas esse fato tem que ser descartado", disse o garçom Antônio Ramos, 23, marido de Ana Alice.
Amizade de longa data
Segundo familiares de Ana Alice, a jovem, que trabalhava como atendente em uma loja dentro de um shopping na Zona Sul, e Stefany, que era garçonete, pensavam em passar o Réveillon juntas. De acordo com Maria de Fátima Mendes, prima de Ana, não havia sinal de arrombamento e nem de briga no local.
"A Ana era uma menina muito alegre sempre. Elas nasceram e cresceram juntas. Amigas de infância. Ninguém sabe o que aconteceu. Ninguém entende. Ninguém ouviu nenhum barulho. Não tinha bagunça, nada quebrado, a luz estava apagada", explicou a prima.
O caso
Ana Alice e Stefany Paiva foram encontradas mortas dentro de uma casa na localidade conhecida como Roupa Suja, na Rocinha, Zona Sul do Rio. Ana estava deitada na cama e Stefany no banheiro. Ambas tinham marcas de facadas.
Segundo a Polícia Militar, equipes da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Rocinha foram acionados para a localidade conhecida como Roupa Suja para atender a ocorrência. Chegando ao local, os policiais encontraram as vítimas já em óbito. 
A área foi isolada e peritos da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) foram chamados. De acordo com a Polícia Civil, a investigação está em andamento para apurar as circunstâncias do crime.