Rio - Familiares e amigos do mecânico de refrigeração, Antônio Carlos de Lima da Conceição, de 57 anos, compareceram, na tarde desta quinta-feira (29), no enterro da vítima no Cemitério de Inhaúma, Zona Norte do Rio. Inconformados com a violência que tirou a vida de Antônio, os parentes pedem celeridade nas investigações e respostas sobre o responsável pelo tiro que atingiu o mecânico. A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) investiga de onde partiu o disparo.
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O homem, que era morador do Engenho Leal, na Zona Norte, foi atingido no tórax por uma bala perdida durante uma operação da Polícia Militar nas proximidades da Serrinha, próximo ao bairro. Segundo testemunhas, o tiro teria partido de um helicóptero da PM e havia confronto com criminosos. Questionada se as armas dos agentes foram apreendidas para perícia, a DHC disse apenas que "testemunhas estão sendo ouvidas e diligências são realizadas para apurar a autoria e a motivação do crime".
Procurada, a PM informou que a corporação está colaborando com as investigações. Nenhum policial foi afastado das atividades até o momento.
Durante o enterro, o filho do Antônio, Thiago Lima, reforçou o pedido por justiça e disse que o pai era apenas um morador passeando com o cachorro e indo comprar pão. A mulher da vítima, Márcia Cristina Lima Conceição, de 53 anos, contou sobre a rotina do companheiro: "Ele estava na rua como de costume. Todos os dias ele leva o cachorro para passear aqui fora. Infelizmente, aconteceu isso. Estava tendo uma operação, mas na nossa rua, é tranquilo. Não tem nada. Passou um helicóptero atirando e a gente saiu correndo. Ele só me olhou e falou que tinha sido atingido no braço. Eu não sei explicar se o tiro saiu. Foi uma coisa muito rápida. Infelizmente, mais uma vítima da tragédia que está acontecendo no Rio de Janeiro. Está demais. Mais um trabalhador e um pai de família que foi embora", disse a manicure em conversa com o Dia. O casal estava junto há 36 anos e tem dois filhos, sendo um de 32 e outro de 34.
Demora na liberação do corpo
O corpo do homem ficou mais de 24h no hospital aguardando liberação e foi removido por volta de 14h20 desta quarta-feira (28). O caso aconteceu por volta das 6h50 de terça-feira (27). Depois de ser atingido, Antônio foi socorrido por um vizinho e pela mulher até o Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier. No entanto, ele chegou já sem vida, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
O corpo ficou mais de 24h no hospital aguardando remoção até o Instituto Médico Legal (IML). O recolhimento só foi acontecer por volta das 14h20 desta quarta-feira (28). Para a família, o hospital revelou que não tinha Rabecão disponível. De acordo com Márcia, houve um descaso das autoridades responsáveis sobre o assunto.
"Ele deu entrada ontem[terça] sete e pouca da manhã. É um descaso. Mais de 24 horas. Isso é porque não é o pai, não é o filho e nem o irmão deles. Por isso que fazem isso. Se fosse da família, na mesma hora já tinha resolvido isso. Olha o sentimento que a gente fica. Olha a angústia", comentou a mulher.
O que diz a SMS e a Defesa Civil
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a direção do hospital comunicou sobre a morte de Antônio à delegacia de Polícia Civil da área, a quem cabe expedir a ordem de remoção do corpo para o IML, nesta terça-feira (27). A remoção é realizada pela Defesa Civil Estadual. A secretaria ressaltou que já reforçou o contato com o órgão para a retirada.
Procurada, a Defesa Civil informou que só foi acionada para a remoção às 13h05 desta quarta-feira (28) pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). A viatura fez o recolhimento por volta das 14h20. De acordo com a Defesa Civil, há 17 viaturas de remoção de cadáveres (ARC) operantes no estado, sendo 3 na capital e 14 no interior. Outras 35 viaturas estão em processo de licitação.
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