Projeto quer reduzir a geração de embalagens plásticas e melhorar a gestão de resíduos produzidos nas areais da Praia de CopacabanaReginaldo Pimenta / Arquivo Agencia O Dia

Rio – Novo ano, novos hábitos. Aqui no Rio, a Praia de Copacabana, na Zona Sul, já se prepara para, neste verão, colocar a mão na massa – ou melhor, na areia. Batizado de Praia Circular, o projeto, que será implementado na orla da Princesinha do Mar, tem como objetivo reduzir a geração de embalagens plásticas pós consumo e melhorar a gestão de resíduos produzidos nas areais, através de iniciativas-piloto.
Dentre as principais ações da iniciativa, estão a distribuição de copos retornáveis pela rede hoteleira, a instalação de máquinas para venda de água a granel e pontos para a compra de resíduos entregues voluntariamente por catadores, ambulantes, moradores e turistas. Além de conscientizar e diminuir o uso do material, também serão trabalhadas medidas para incentivar a economia circular.
O projeto é fruto do programa Recicla Orla, da Orla Rio e Polen, e do projeto Plásticos Circulares nas Américas, da União Europeia. Para o vice-presidente da Orla Rio, concessionária que administra os quiosque à beira-mar, Guilherme Borges, a iniciativa prevê ações e soluções inovadoras para um uso mais consciente do plástico.
"Essa matéria-prima tão importante para toda a sociedade tem condições de ter um uso melhor, através de técnicas de reutilização e do seu reuso. É isso que nós vamos buscar ao longo do ano: reduzir a quantidade de plásticos produzidos pelas nossas operações comerciais na praia", explicou o presidente, reafirmando a importância da colaboração de toda a sociedade para um futuro mais sustentável.
O Praia Circula também recebeu apoio da Secretaria Municipal de Esportes e da Empresa de Turismo do município, a Riotur, que promete coordenar toda a rede de empresas privadas do entorno, bem como os prestadores de serviços, como instrutores esportivos, massoterapeutas e ambulantes credenciados. O secretário da pasta de esportes, Guilherme Schelder, afirmou que projetos como o Praia Circular são importantes e necessários.
"Nós da Secretaria Municipal de Esportes temos muito orgulho de apoiar este tipo de iniciativa. Com a regularização das atividades esportivas na orla, nós conseguimos atrair ainda mais pessoas que são frequentadoras diárias do espaço e ajudam também a movimentar a economia. Conscientizar a população sobre todo cuidado que o meio ambiente precisa é fundamental para que a nossa e as próximas gerações vivam em um ambiente sustentável", disse Schelder.
"Excelente" foi o adjetivo escolhido pela doutora e bióloga marinha Raquel Neves para descrever o Praia Circular. "A gente sabe que esse tipo de resíduo, que vai desde o canudinho, saco plástico, copos, pratos e talheres descartáveis, garrafinhas, é extremamente complicado em termos de gestão de resíduo", explicou Raquel. A doutora elogiou também a escolha da Praia de Copacabana como piloto, ainda mais após a quantidade de lixo encontrado pela Comlurb deixada depois da festa de Réveillon.
Pesquisadora na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), Raquel participa de um projeto em parceria com pescadores da Z13, de Copacabana. O "Caiu na rede é peixe, ou plástico" monitora e realiza levantamento dos resíduos que vêm sendo encontrados pelos pescadores na rede de pesca. "Uma das coisas que mais encontramos são plásticos de uso único. Então, a gente realmente vê que esse é um dos maiores problemas que precisam ser eliminados", comentou. Raquel também coordena uma pesquisa sobre microplásticos (pequenos fragmentos de plásticos), em parceria com a Universidade Estadual do Rio (Uerj).