Aos gritos de justiça, familiares e amigos acompanharam cortejo até o local de sepultamentoEstefan Radovicz/Agência O Dia

Rio - Foi enterrado neste sábado (7) no Cemitério do Pechincha, na Zona Oeste, o corpo do catador de recicláveis Dierson Gomes da Silva, 51 anos, morto durante operação na Cidade de Deus, também na Zona Oeste, após ter um pedaço de madeira confundido com um fuzil.

Muito abalado, Jonatas Ribeiro, filho do catador, falou sobre a sensação de enterrar o pai durante o dia de seu aniversário. Neste sábado, o rapaz completa 26 anos.

"Com isso tudo que aconteceu, acabou tudo, não tenho nem o que dizer. Hoje eu faço 26 anos e ele não chegou a ver o filho dele completar essa idade", desabafou.

Para realizar o sepultamento, a família precisou arrecadar fundos com uma vaquinha. O caso aconteceu na localidade conhecida como Pantanal e, segundo moradores, a vítima, conhecida como 'Lord', estava no quintal de casa e segurava o pedaço de madeira quando foi baleada.
Denise Gomes da Silva, irmã do catador criticou, durante o velório, a ação da polícia e questionou a forma como as operações são realizadas.

"Quantos mais vão morrer de uma forma dessa? Tem que acabar. Eles tem que olhar antes de atirar, parar, eu não sei. O que não pode é vítimas inocentes serem mortas toda hora por causa de um pedaço de pau, de vassoura, de guarda-chuva", disse.

Aos gritos de justiça, familiares e amigos do catador acompanharam o cortejo até o local do sepultamento.

De acordo com a Polícia Militar, uma equipe do 18º BPM (Jacarepaguá) se deparou com o homem portando o que aparentava ser a arma com uma bandoleira e por isso atiraram. Os policiais envolvidos na ação foram afastados do cargo e a PM instaurou um procedimento apuratório para averiguar as circunstâncias da ocorrência.
Segundo a Polícia Civil, agentes envolvidos prestaram depoimento, assim como testemunhas. As armas dos policiais militares foram apreendidas para a perícia e outras diligências estão em andamento para esclarecer os fatos.

A Defensoria Pública do Estado do Rio informou, nesta sexta-feira (6), que está acompanhando o caso de Dierson Gomes da Silva e que a família deve ser atendida na próxima semana pela equipe do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos.