O corpo do alemão foi localizado próximo ao Arquipélago das Cagarras, em frente a Praia de Ipanema, na Zona Sul do RioRede Social

Rio - A Polícia Civil confirmou, na tarde desta quarta-feira (11), que o corpo encontrado próximo ao Arquipélago das Cagarras, em frente a Praia de Ipanema, na Zona Sul do Rio, nesta terça (10), é do alemão Tom Klak, de 28 anos, visto pela última vez na madrugada da última quinta-feira (5) na mesma região. Ainda nesta quarta, um casal de amigos do jovem compareceu à Delegacia Especial de Apoio ao Turismo (Deat) para prestar depoimento.

A perícia foi realizada através da arcada dentária devido o corpo ter sido encontrado em estado avançado de decomposição. De acordo com a Superintendência-Geral de Polícia Técnico-Científica (SGPTC), os peritos confirmaram a identificação por meio da comparação da arcada dentária e a ficha odontológica da vítima, vinda da Alemanha. O exame de necropsia apontou que a causa da morte foi afogamento.

"O corpo foi localizado por pescadores na segunda-feira (10). Os bombeiros foram acionados e fizeram a remoção para o Instituto Médico Legal (IML) do Centro. A Delegacia Especial de Apoio ao Turismo (Deat) foi comunicada, entrou em contato com o Consulado Alemão e solicitou a ficha dentária de Klak para confirmação da identificação. Testemunhas estão sendo ouvidas e a investigação está em andamento", informou a Polícia Civil em nota.
Investigação
De acordo com a delegada da Deat, Patrícia Alemany, as investigações estão em andamento e segundo testemunhas, Tommy foi visto entrando no mar durante a madrugada do último dia 4, e desde então estava desaparecido.
"As investigações estão em andamento, ouvimos algumas testemunhas e esse casal que chegou no Rio. Acabou acontecendo alguns fatos e hoje tivemos a confirmação que o corpo é do Tom, nós também tivemos acesso a algumas imagens e algumas testemunhas falaram que eles tentaram entrar em prédios, perturbaram alguns hotéis e que o Tommy foi visto entrando na praia, nadando e nadando e logo depois sumiu. Nesse primeiro momento, os bombeiros começaram as buscas,  nós só tivemos a notícia no dia 4 quase 00h que ele estava desaparecido e não sabíamos que era mesma pessoa que os bombeiros procuravam, soubemos devido as vestimentas que ele usava e chegamos a conclusão que estávamos procurando a mesma pessoa", contou.
Ainda segundo a delegada, o casal que prestou depoimento nesta quarta-feira (10) não estava no Brasil quando Tommy desapareceu mas que estão colaborando retratando o comportamento do estrangeiro.
"As pessoas ouvidas hoje vieram da Alemanha, amigos do Tommy, para colaborar e falar sobre o comportamento dele, mas elas não estavam aqui nesse período, então elas tem informações de outras pessoas que passaram para elas, vamos pegar esse depoimento e saber quem passou essas informações pra ouvir essas pessoas.  Pelas imagens que temos e testemunhas, o indicado é que eles não estavam no estado normal", finalizou.
Primeira versão

A primeira versão do crime contada pelo namorado de Tommy, Leonard Pacheco, 36 anos, aponta que os dois teriam sido agredidos por policiais militares antes do estrangeiro desaparecer.

Segundo Leonard, que foi internado no Hospital Municipal Miguel Couto, os dois foram agredidos por policiais militares pouco antes de Tommy sumir. O estrangeiro deu entrada na unidade sem documentos de identidade. Mas, segundo o hospital, ele chegou agitado na e os médicos suspeitaram de intoxicação causada por substâncias químicas. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou ainda que ele foi avaliado pelas especialidades de cirurgia geral, cirurgia bucomaxilofacial, neurocirurgia e clínica geral e recebeu alta no mesmo dia.

Uma amiga do casal chegou a confirmar essa versão e disse que os dois moram em Nova Iorque, nos Estados Unidos, e viajaram de férias ao Rio de Janeiro para passar o ano novo. Ela relata que, na noite de quarta-feira, Tommy não estava bem e eles buscavam por ajuda médica. Por fim, os dois decidiram retornar para o apartamento alugado por eles, mas teriam sido agredidos por policiais antes de chegar no local. A jovem também afirma que, por medo dos agentes, Leonard deixou o hospital sem ter recebido alta hospitalar.
No entanto, para a família, as alegações do namorado de Tommy, última pessoa a ter contato com o jovem desaparecido, não se sustentam.

"Muitas coisas não fazem sentido. As histórias não batem e nós queremos esclarecer isso. Pelo que eu entendi, o Leonard já voltou para os Estados Unidos e nós achamos estranho ele ir embora, com o Tommy desaparecido. Parece que, a cada hora ele disse uma coisa diferente. Nessa questão da agressão, ele contou que estava com o Tommy no momento. Mas, pela reconstituição que fizemos, nessa hora ele já estava sozinho há muito tempo. Pelo nosso cronograma, ele já estava há 12 horas sem ver o Tommy”, disse um familiar.

Alguns familiares e amigos, inclusive, vieram ao Brasil para acompanhar o caso.

O que diz a PM

De acordo com a PM, agentes do 23º BPM (Leblon) foram acionados para uma tentativa de invasão a um prédio na Rua Joana Angélica, em Ipanema. A unidade informou que o acionamento ocorreu porque um homem estrangeiro, que seria Leonard, que aparentava estar desorientado, estaria se debatendo na parte interna do edifício e causando transtornos aos moradores.

"Durante a abordagem, o estrangeiro se comportou de forma agressiva, sendo necessário o uso do armamento não letal para que os policiais pudessem imobilizá-lo. O homem foi conduzido ao Hospital Miguel Couto, onde foi medicado e liberado", informou a corporação por meio de nota.

A PM também informa que, na madrugada de quarta-feira (4), o mesmo estrangeiro teria invadido um prédio na Rua Joana Angélica. "Uma guarnição do 23° BPM foi acionada após o homem ter se aproveitado do descuido de um morador para adentrar as dependências de um condomínio. Nessa primeira abordagem, o homem também aparentava estar alterado, se comportando de forma agressiva. O estrangeiro foi conduzido à Delegacia de Atendimento ao Turista, onde o caso foi registrado", afirmou.

Por fim, a corporação afirmou que abriu um procedimento para analisar o desenvolvimento da ocorrência e os policiais estão sendo ouvidos.